Benvindos!

A idéia de criar este espaço surgiu aos poucos. Nasceu da necessidade de expandir o grupo de pessoas com as quais me correspondo ou com as quais converso sobre temas de interesse em comum. Desejo que seja um lugar de troca de idéias e informações, mas , sobretudo, de boa conversa, democrática e sem preconceitos. Mais uma vez, benvindos.



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Porque adotar cães é melhor do que comprá-los

Com tantos cães abandonados, maltratados e carentes de atenção pelas ruas de nossas cidades, acredito que seja melhor negócio para eles, e para as pessoas que buscam animais para cuidar, que os mesmos sejam adotados.
Senão vejamos: cães retirados das ruas são, em geral, animais dóceis, confiáveis ao extremo e que nunca irão decepcioná-lo do ponto de vista de uma boa companhia.

Os cães de rua ou mesmo aqueles que estão a espera de adoção nas zoonoses ou em instituições que cuidam de animais são, uma vez bem tratados, fáceis de agradar, felizes por meia atenção que se lhes dê e fiéis ao extremo. Além disso, retirar um cão da rua ou da zoonose implica a produção de um bem coletivo, nossas ruas ficam mais limpas e o cão se torna menos propenso a adquirir e espalhar doenças.

Então por que pagar por um quando há tantos aguardando uma pessoa responsável, e que não custam nada ?
Lembre-se que um cão traz algumas responsabilidades, como a de vaciná-lo todos os anos e ter algum tempo para passear com ele, mas ele traz muito mais em termos de companheirismo.

Com muito pouco, os cães ficam muito, mas muito felizes mesmo!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Bossa Nova

Alguns quase consensos sempre me deixaram incomodado. Um deles é o que anuncia de que pra ser feliz é preciso ter uma cara-metade. Outro é o de que ter filhos ou desejá-los é algo natural, seja o que lá se pretenda dizer por "natural". Acredito que há na internet muitas páginas que abordam estas questões, seja para defender ou criticar uma ou outra posição.
Um pretenso consenso que volta e meia me perturba é aquele que se busca formar em torno da qualidade do que se convencionou chamar de Bossa Nova.  Não nego o direito a quem quiser de adorar e mesmo amar este gênero de música. Há muita gente com conhecimento de causa que adora o estilo apresentado ao mundo por João Gilberto. Júlio Medadlia mesmo em seu Música Maestro! (ed. Globo) analisa com bastante acuidade o surgimento e características da Bossa Nova e, em certos momentos, deixa escapar sua admiração pelo estilo.

Tudo bem, quem sou eu para discutir em termos estritamente musicais a Bossa Nova ? Dizem que para tocá-la é requerida uma certa virtuose técnica. Ok!
Mas o que isso tem a ver com a pretensão que se criou em torno deste gênero musical de ser o crème de la crème do bom gosto e de espíritos sensíveis e elevados ?
Particularmente acho o estilo chato. Tudo bem. Chato não diz muito. É uma opinião subjetiva.
Vamos mais adiante: quinze minutos ouvindo Bossa Nova acredito ser meu limite de tolerância. Sons dissonantes em demasia, gente desafinada cantando, e aqueles versos horríveis cheios de diminutivos. Sem falar do pé no saco de se cantar quase aos sussurros.
"O barquinho pra lá, o barquinho pra cá", "o coquinho à beira mar". Não, não há estrutura de acordes sofisticados que salve isso!

Alguém já me disse certa vez que Bossa Nova lhe parecia tolerável apenas como música de fundo, assim tipo em uma loja de departamentos ou na praça de alimentação de um shopping.
Acho que nem assim! É muito chata mesmo!
Cubra isso com a pretensão de ser música de gente fina e sensível, e aí estará completo o quadro.
Nada pior do que uma impostura!
Acredito que este último ponto tenha a ver com o complexo de colonizado que ainda muitos de meus compatriotas têm.
Não vou entrar em detalhes de como surgiu este gênero musical. Este ponto é de amplo conhecimento público. Só desejo acrescentar a minha subjetiva opinião de que, sem o empréstimo simbólico do rótulo de música de sucesso no estrangeiro, a Bossa Nova jamais teria caminhado tão facilmente para a aceitação consensual de nossas classes médias e alta. A imitação e o mimetismo fizeram um belo trabalho em passar o gosto pela  música da zona sul do Rio para o restante do país (para parte dele, para sermos mais justos).

Além disso, Bossa Nova para ser feita para um país que sempre pretendemos ser e não somos.  Somos um país de enorme desigualdade social, muito injusto do ponto de vista de oportunidades e bem-estar e ainda violento,  e o pessoal  faz música olhando para o mar e os coqueiros,  de costas para o país real. Hmm, sei!

Acredito que o Brasil faz música de alta qualidade. Talvez seja uma daquelas atividades que melhor sabemos fazer e que poucos chegam a nos igualar.
O máximo, contudo, que estou disposto a conceder à Bossa Nova é que ela dispute a preferencia nacional em igualdade de condições com outros gêneros musicais, sem apelar para o rótulo de música fina e virtuosa só por conta de que alguns de seus criadores (se assim podemos chamá-los) souberam misturar samba com jazz e cantar em inglês para se fazerem notar no exterior.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011


É Tempo de Ipê Amarelo!

Poucas coisas na vida se compararam a beleza de um ipê florido!Pena que no corre-corre da vida tenhamos pouco tempo para observá-los com cuidado.Todos são muito bonitos, mas tenho preferência pelo amarelo.Captei alguns ao caminhar pelas ruas da cidade onde moro.  




quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Somos diuturnamente expostos (bombardeados) com as opiniões especializadas emitidas por pessoas de todo o tipo. São médicos, juristas, personal trainers, consultores de negócios, de etiquetas e outros tantos entendidos,  que nos dizem exatamente o que pensar, fazer ou como se comportar.


Ao mesmo tempo, é forçoso reconhecer que a maioria de nós é composta por pessoas terrivelmente desacostumadas a utilzar o intelecto para analisar as mensagens que recebe. 
Sempre me lembro daquelas propagandas de colchão, em que os atores aparecem vestidos de branco, como se fossem cientistas ou médicos, utilizando-se de linguagem formal para vender seu produto. Se parássemos para pensar um pouco, chegaríamos a conclusão inevitável de que se trata de um engodo. Empurram-nos para um tipo de comportamento (comprar o colchão da marca X) sem que pensemos muito sobre se aquele sujeito que aparece na tela é de fato um especialista ou um mero ator se fazendo passar pelo que não é.


Todas as propagandas são assim. Desejam induzir comportamentos ou valores sem muita reflexão. Ok, faz parte do negócio.


O que me incomoda em particular é que este tipo de (im)postura tomou conta de quase todas as dimensões de nosso dia-a-dia. A diferença é que é muito mais difícil perceber o que é mensagem séria, comprovada, fruto de debates e contraditórios, é o que é mera ideologia camuflada de verdade (científica, religiosa ou médica).


Nunca tanta informação e conhecimento nos foi oferecido como nos dias que correm:  computadores, smartphones, tablets eletrônicos e leitores de livros digitais estão aí para nos possibilitar receber e enviar mensagens, notícias, conhecimento e ideologias. Ao mesmo tempo, nunca foi tão importante possuir capacidade crítica para analisá-las e interpretá-las.


Ligo o rádio para escutar boa música e relaxar. Depois de um tempo entra um programa sobre saúde. O  médico que o apresenta nos brinda com quinze a vinte recomendações (que invariavelmente são anunciadas como deveres) nos cinco cinco minutos de duração do programa.


Na internet, TV ou nas bancas de revistas abundam as dicas ou sugestões: coma isso, não coma aquilo; pratique X minutos de atividade física por Y dias por semana; escove os dentes de tal forma; sente-se à mesa com a postura tal, leia o autor fulano se não quiser fiquer fora das conversas inteligentes; seja um líder no trabalho; esteja sempre estudando para não ficar para trás na vida profissional; brinque com seu filho pelo menos X horas por semana e seu relacionamento com ele será proveitoso para o resto da vida; e por aí vão as recomendações.


O sujeito tem que ser um super-homem incansável e dispor de mais de vinte e quatro horas por dia para realizar o que tentam nos impor. 


Se fizéssemos metade do que nos recomendam, não teríamos tempo para mais nada na vida.
Por que não simplesmente fazer o que gosta, sem prejudicar ninguém e ser feliz ? Para mim isso já é o bastante.
Alguém pode objetar: "Não fazemos só o que queremos ou gostamos!" Isso é certíssimo, mas no tempo que temos para fazer o que gostamos, por que não fazê-lo ?
Gostas de correr em uma pista de exercício a manhã inteira ? Faça-o!
Gostas de dormir ? Por que não ?
Ler e ouvir música lhe dá um prazer indescritível ?  Então por que calçar tênis e ir correr meia hora só porque a moda (travestida de ciência) diz que isto sim é que irá lhe fazer bem ?


Só vale a pena viver a vida com prazer (já nem digo felicidade).
É torturante ouvir alguém vender um estilo de vida como o certo, só porque combina com o seu ou porque ele(a) aderiu a este estilo de maneira irrefletida. A praga das academias e da vida saudável é um exemplo da industria que massacra com sua ideologia alienante de modo de vida correto.


*Vale a pena ler o sítio na internet que discute esta questão em termos de crítica ao discurso pseudo-científico do culto aos cuidados com a saúde: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000700081&script=sci_arttext .

quinta-feira, 19 de maio de 2011

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Guarde sua opinião para si!

Vivemos um período interessante no aspecto da discussão sobre gostos e preferências. Ao mesmo tempo liberal e totalitário. Cada um pode ter seu autor, filme, livro ou artista preferido desde que guarde para si mesmo sua opinião! Ai, de quem ousar anunciá-la em alta voz! Logo se verá bombardeado de argumentos que buscam rotulá-lo de pedante, esnobe e, até mesmo, ignorante! Sim, porque para as almas de nossa época multicultural e politicamente correta anunciar uma preferência é crime de soberba ou ignorância.
Mesmo que sua opinião seja colocada apenas com o objetivo de compartilhar uma impressão ou de iniciar uma conversação, não deixará de chocar os espíritos pós-modernos com sua pretensão de hierarquizar e ter preferências expressas. Para estes "Tudo é cultural. Tudo é igualmente legítimo e bom."  Dizer " Não deixaria de ler Mario Vargas Llosa ou Ismail Kadaré para ler Ana Miranda ou Hanif Kureishi" já é suficiente para interpretarem que você exerce uma injustificada preferência; uma auto-exibição. Nos dias que correm, a expressão de uma subjetividade não é mais entendida como uma meio de compartilhar uma opinião ou abrir uma discussão, mas sim como uma pretensão ociosa de quem não possui autoridade alguma para expressar seus próprios julgamentos. A coisa se passa da seguinte forma: "Tenha a opinião que quiser, mas guarde-a para si."
Uma mistura de relativismo e politicamente correto tomou conta da opinião pública. Mostre tanto respeito por Chitãozinho e Xororó quanto por Beethoven, por um escritor de talento quanto por um outro da moda.
Ostentar uma convicção, então ? Ofensa aos filhos da sociedade multicultural!
Quem não já não foi alvo de severas críticas por externar uma crença ? "O filme X é um dos melhores já vi  na última década." Pronto! Você externou uma convicção pessoal. Pecado grave!
O que os defensores do relativismo têm em mente na verdade é um novo tipo de hedonismo. Não almejam gostos autênticos, mas algo polimorfo, um mundo matizado onde todos os prazeres estariam ao alcance do indivíduo mimado. "Multicultural significa para eles bem abastecido, não são as culturas enquanto tais que apreciam, mas sua versão edulcorada, a parte delas que podem testar, saborear e descartar após o uso." (FINKIELKRAUT, A. A Derrota do Pensamento. Editora Paz e Terra, 1988). Consumidores, enfim! Seu ideal é ler Proust pela manhã, jogar boliche à tarde e jantar em um restaurante indiano à noite.  Nada deve barrar a fluidez de seus gostos.
Pior quando esta impostura vem acompanhada de um discurso pretensamente democrático e esclarecido: Caso você se apegue a manter uma hierarquia "severa" de valores, então você é um  esnobe que se priva dos prazeres da vida ao recusar a marca cultural a qualquer produto da cultura de massas ou da distração televisiva. O sujeito pós-moderno prefere  levar uma vida self-service, pegando nas prateleiras da industria cultural os modelos de vida que lhe permitam "flanar" e "brilhar" sem nunca ter que se aprofundar em coisa alguma. Nada  mais odioso do que a pretensão de se discutir gostos. "Não, tudo vale! Tudo é cultural." ou o ainda pior e mais comum "gosto não se discute". Esta última frase então, parece pretender acabar com a discussão.
Parece que a frase cunhada pelo poeta Gilbert Keith Chesterton serve muito aos tempos atuais: " A modéstia abandonou a tarefa de controlar a ambição para encarregar-se do controle da convicção..." (citado por COELHO, Marcelo. Gosto se Discute, Editora Ática, 1994).

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Postagens

Encontrei este texto em uma página da internet. Achei-o muito interessante por conta de nos revelar uma visão diferente sobre um assunto que quase sempre é tratado de maneira preconceituosa: as pessoas que gostam e curtem ficar sozinhas grande parte de seu tempo. Quase sempre são rotuladas de anti-sociais ou mesmo de misantropos. Nada disso! São apenas indivíduos que precisam de menos companhia que a maioria das pessoas. 


A Sociabilidade é Proporcional à Vulgaridade

O homem inteligente aspirará, antes de tudo, à ausência de dor, à serenidade, ao sossego e ao ócio, logo, procurará uma vida tranquila, modesta e o menos conflituosa possível; por conseguinte, após travar algum conhecimento com aqueles que chamamos de homens, escolherá o reatraimento e, no caso de um grande espírito, até a solidão. Pois, quanto mais alguém tem em si mesmo, menos precisa do mundo exterior e menos também os outros lhe podem ser úteis. Por isso, a eminência do espírito conduz à insociabilidade. Sim, se a qualidade da sociedade pudesse ser substituída pela quantidade, valeria a pena viver até no grande mundo, mas infelizmente cem néscios empilhados não dão um único homem razoável. Já aquele que está no outro extremo, assim que a necessidade lhe permitir recobrar o ânimo, procurará passatempo e companhia a qualquer preço, e a tudo se acomodará facilmente, de nada fugindo a não ser de si.
Pois é na solidão, onde cada um está entregue a si mesmo, que se mostra o que ele tem em si mesmo. Nela, sob a púrpura, o simplório suspira, carregando o fardo irremovível da sua mísera individualidade, enquanto o mais talentoso povoa e vivifica com os seus pensamentos o ambiente mais ermo. Portanto, é bastante verdadeiro o que dizia Séneca: Toda a estultice sofre com o seu próprio fastio, bem como a sentença de Jesus, filho de Sirac: A vida do néscio é pior que a morte. Assim, no todo, acharemos que cada um será tanto mais sociável quanto mais pobre for de espírito, e, em geral, mais vulgar.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'