Benvindos!

A idéia de criar este espaço surgiu aos poucos. Nasceu da necessidade de expandir o grupo de pessoas com as quais me correspondo ou com as quais converso sobre temas de interesse em comum. Desejo que seja um lugar de troca de idéias e informações, mas , sobretudo, de boa conversa, democrática e sem preconceitos. Mais uma vez, benvindos.



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Saco Cheio!







Ok. Estou de saco cheio de tudo!
Nem minhas leituras, músicas e filmes conseguem mais me dar um alívio.

Aliás, as pequenas e gratificantes coisas que costumava fazer por prazer já não estão funcionando há algum tempo.
Espero que este período passe logo!

Pego engarrafamento todos os dias para ir ao trabalho. Sempre tem os trogloditas de plantão, que jogam seus veículos contra o seu para ganhar um ou dois metros. Os espertinhos que tentam cortar pela direita ou trafegar pelo acostamento se fazem presentes também.

Ao chegar lá o que encontro ? Pessoas, em sua grande maioria, para baixo. Sempre com problemas mesquinhos como contas a pagar, necessidade de mais dinheiro ou, ainda, buscando algum status dentro da empresa para compensar a falta de importância fora dela. Só falam e fofocam sobre trabalho, futebol, novela ou a Dança dos Famosos (nem sei o que é isso e nem tenho curiosidade em saber!).
Dois minutos conversando com estas pessoas e meu espírito suplica por uma rota de escape!

Retorno para casa. Engarrafamento em sentido contrário. Os mesmos personagens toscos.
Pô, detesto dirigir, mas a cidade em que moro não possui transporte público descente. Nunca precisei de carro em Sampa ou no Rio, mas aqui...

Bem, como escrevi espero que isto passe logo. Quero voltar a pisar a grama descalço e me sentir bem.












segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Vida Corporativa II

Quem já não passou por uma situação destas ? Reunião com consultores externos contratados sabe-se lá por quanto para nos dizer como deveríamos trabalhar após dias ou mesmo semanas nós perguntado sobre nosso trabalho (o que fazemos e como fazemos). 












Todos com cara de "já conheço este enredo". Sentamo-nos a mesa.  A maioria das vezes sem a presença do chefe que contratou aquele serviço. 


Toró de senso-comum e conclusões óbvias. Todos, porém, têm que manter no palco, digo, na reunião, a postura de interessados sobre o "inédito" tema.  Os mais entusiásticos (puxa-sacos)  se  mostram atentos, nem piscam. Alguns até fazem perguntas (perguntas óbvias, é claro) ao final.


Com o canto dos olhos lanço uma panorâmica sobre a sala. A maioria mal consegue dissimular seu enfado (afinal já passou por aquilo várias vezes sem que nada, absolutamente nada mudasse para melhor no ambiente de trabalho). 

Terminada a reunião, voltamos para as tarefas operacionais do dia-a-dia na certeza que participamos de uma peça de mau-gosto. Os consultores tomam o caminho dos elevadores certos de que vão colocar as mãos em polpudas  verdinhas e que palestraram para uma platéia de beócios que não consegue pensar as próprias atividades laborais. Provavelmente nunca mais os veremos. Outros virão da próxima vez (tem que haver um rodízio, certo ? Todos têm que ganhar na famigerada indústria da consultoria).




É fato que a arte de encher lingüíça é cada vez mais valorizada no  mercado de trabalho.  Projetos e dinheiro gasto com o blá-blá corporativo que não adiciona nada, não faz nada. Quanto mais o profissional domina a arte da embromação verbal, mais  valorizado ele é, e nem precisa ser consultor amigo do chefe. 


Se ele ou ela ainda adiciona uma roupa de grife, uma vivência no exterior ou mesmo uma viagem a um país da moda, então a imagem está montada. Não se questionam símbolos.














Sinto que o que precisaríamos de um movimento  no mundo corporativo que denunciasse estas falácias. Algo próximo com o que Sócrates fez com os sofistas na Grécia há quase 2.500 (se é que isto é possível). Pessoas que façam as perguntas simples e fundamentais, e duvidem de tudo que os outros, arrogantemente,  afirmam saber. Alguém que desmonte o discursos dos sofistas corporativos de nossos tempos (aqueles mais preocupados com a forma do discurso, com o convencimento alheio, do que com a precisão e acerto do que falam). 
Chego a pesar que o mundo do trabalho hoje é governado pelo não-pensamento. Uma espécie de discurso vazio, auto-referenciado e feito em grande parte de uma mistura de receitas para solucionar problemas e senso-comum,  que oprime as pessoas a se sujeitarem sem pensar muito. 
Quer coisa pior para se ouvir do que o batido: "somos uma equipe". Por trás da frase, esconde-se um mundo de contradições que são jogadas para debaixo do tapete. Os quadros mais elevados da hierarquia da corporação querem teu sangue, querem que você se mate de trabalhar, sacrificando sua saúde, família e outras atividades. Pouco se lixam para você na realidade. Você, por seu lado, deseja trabalhar sem sacrificar seu bem-estar, trabalhar com um objetivo nobre que não seja o de "dar resultados" para os níveis mais altos da burocracia da corporação. Não há identificação de valores e objetivos. Então, como assim "somos uma equipe ?".
Para alguém acostumado a ouvir, analisar e criticar os argumentos que lhe são oferecidos, é uma tortura! 

O que quero dizer, é que, por conta deste cenário, o ambiente de trabalho é dominado pela empolação, falta de coerência e sinceridade. O mundo corporativo é governado por imagens e  formas sem conteúdo. O que alguém aparenta ser, facilita-lhe o caminho para a obtenção da aprovação e aquiescência alheia. As pessoas que se utilizam do recursos da imagem, sabem disso. Sabem que o importante no mundo corporativo não é o QUE SE DIZ, mas QUEM DIZ.

Uma constatação feita por um funcionário em uma reunião ou em uma conversa com o chefe é, em muitos casos, ignorada ou menosprezada. 
Se, no entanto, for um consultor de fala empolada, ou o superior hierárquico de nosso chefe que faz a mesma constatação, a coisa muda de figura.

Quer saber quais  os dois maiores mitos do discurso corporativo ? eficiência e felicidade no trabalho. Como se pudéssemos ser mais eficientes sem  controlarmos as decisões e os meios técnicos à nossa disposição. Por outro lado, quem em sã consciência acha que o lugar de trabalho é o lugar da felicidade e realização ? Pô, vai ler Marx meu filho, mais-valia e alienação são ainda preponderantes na sociedade capitalista e no mundo laboral.

Por mais que se pretenda dar um caráter formal, profissional e racional as corporações, elas são governadas por preferências pessoais ( e portanto subjetivas) e distinções baseadas em estereótipos de sucesso e discursos avolumados. 











sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O valor do trabalho em nossas vidas


Apesar de não gostar da leitura de textos oriundos do mundo corporativo, encontrei um (finalmente!) que me pareceu interessante.
O tema era sobre as relações empregados versus empresas nos dias que correm.  O autor é um filósofo e professor pelo qual tenho uma boa dose de consideração.
Ele discute a questão de a lealdade do empregado para com a empresa ser um ponto superado no mundo corporativo de hoje.
Simplificando um tanto seu argumento, ele coloca a seguinte questão: se a empresa, por qualquer motivo, pode, de uma hora para outra, dar o bilhete azul para seus funcionários, por que estes deveriam ser  leais a ela no caso de uma concorrente lhes oferecer salários maiores ? Ora, se a força de trabalho hoje pode ser tranqüilamente dispensada ou adquirida como uma commodity qualquer, porque o funcionário tem que se manter preso a códigos de valores morais pré-transformações do mundo do trabalho ?

Não é ético entrar em uma empresa ficar pouco tempo e sair para trabalhar em um concorrente que paga mais ou lhe oferece melhores condições de trabalho ? E não é falta de ética a empresa mandar embora funcionários que lhe serviram por anos só porque ficaram velhos ou porque está "realinhando suas estratégias e objetivos" ?

Deve o trabalhador ficar em uma empresa que não lhe oferece reconhecimento, treinamento e uma finalidade para o que faz ? Eu creio que não.  Se o trabalhador não for um pobre de espírito que só pensa em din-dim,  ele concluirá em algum momento que não está valendo a pena.

Não devemos esquecer o óbvio ululante, as empresas exercem suas atividades para terem lucro, isto é, vivem sob a lógica do mercado. Quando o funcionário não serve mais, não é mais útil, rua com ele!
Alguém na empresa pode até ter um pouco mais de consideração (só um pouco mais) se o funcionário é antigo e passou anos dando o sangue pela instituição, mas, mesmo neste caso, se o cara não se "recuperar" logo, vai pra rua e ponto! 
Então qual o problema do empregado utilizar a lógica do mercado ? Se o concorrente me paga melhor e me oferece melhores condições, Adeus!




Não se trata mais de colocar a empresa ou o trabalho no centro de nossas vidas, mas a si mesmo.
O tempo em que se sacrificava tempo, família e prazeres para nos colocarmos à disposição da empresa já passou. Não é o caso de ser displicente ou hedonista, mas sim de nos colocarmos no centro de uma relação profissional de maneira a avaliarmos o que desejamos para nós e que custos estamos dispostos a incorrer para progredirmos profissionalmente.

O trabalho tem que ser fonte de  realização. Ele tem  nos humanizar, nos tornar melhores. Caso contrário, é um castigo cotidiano, independente do salário que se obtenha.
Isto faz muito sentido  hoje, quando a trajetória profissional é vista como um problema do trabalhador, do indivíduo. Então falar do trabalho como um compromisso com a sociedade ou como um dever moral tornou-se balela!

"A questão é que já não se trata da obrigação moral abstrata de trabalhar "com todo zelo", mas do desejo pessoal de ter êxito naquilo que cada um se propõe a fazer, como também em cultivar a ufania e o senso de responsabilidade em seu trabalho, saber progredir, encontar um significado naquilo que se realiza."(LIPOVETSKY, 2005)


As características laborais de um modelo altamente hierarquizado e burocrático acaba por alienar e isolar o trabalhador em seu lugar de trabalho. Ele não sabe o que está fazendo e nem o  porquê esta fazendo.  Ele só cumpre ordens. Como pedir a ele, então,  que se importe com o resultado do que faz ? Seria pedir-lhe muito.

"Quanto mais alto a religião do trabalho proclamou suas determinações, menos a produção se organizou em torno dos princípios de iniciativa, de responsabilidade, de engajamento voluntário dos homens"(IDEM).

 O que mais encontramos, contudo, no mundo corporativo de hoje ? Estruturas voltadas para a manutenção dos níveis hierárquicos e  os interesses de poucos.



Em um cenário assim, o que importa a formação ou a capacitação do empregado ? Muito pouco na verdade. A empresa pode até ter um discurso que valoriza o aprimoramento, mas a grande maioria delas  não o premia.
Sim, há muito de esquizofrenia nos ambientes corporativos. Diz-se uma coisa, faz-se outra na prática.

O catecismo laboral é coisa do passado, de uma época em que a gestão se preocupava com controle. Tempo em que ela trabalhava em favor de uma estrutural piramidal de empresa. Hoje, este código é tão fora de contexto quanto o apelo a nacionalismos e à moral religiosa.
Se o trabalho entra em choque com o humanismo inerente a cada um de nós ( a vontade de ser autônomo, de ter um significado em sua atividade que premia e respeita a sua subjetividade), então ele pouco vale. Não há porque pedir que o trabalhor com ele se identifique.



CORTELLA, Mário Sérgio. Lealdade coma empresa ? Revista N Respostas. Ano V, nº 24, outubro/novembro 2012.

LIPOVETSKY, Gilles. A Sociedade Pós-Moralista: o crepúsculo do dever e a ética indolor dos novos tempos democráticos. São Paulo. Editora Manole. 2005.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012


A Vida Corporativa I










O que mais me chateia em meu trabalho é a sensação permanente que estamos quase todos teatralizando.  Comportamentos padronizados, rotina burocrática, valores estereotipados e insinceros. Creio que em todas as corporações é assim. Quase nunca adianta perguntar algo a alguém. As pessoas serão insinceras em suas respostas. Nas reuniões veremos muitos tentando parecer mais inteligentes do que são. É forçoso reconhecer que alguns são muito bons mesmo em retórica. Fazem-se passar por entendidos em tudo. Na realidade  blefam muito e só querem ser o centro das atenções. Alguns disputam o palco, outros fingem que acreditam que eles são os bons. Teatro puro!

Por outro lado as instituições para as quais trabalhamos não estão nem aí para seus servidores. Ainda que existam algumas boas almas na área de Gestão de Pessoas, que acreditam que um bom ambiente de trabalho aumenta a satisfação dos funcionários da empresa e, por conseguinte, traz bons benefícios para todos; mesmo lá, a maioria finge que trabalha por um bem maior que não seja o puro e simples salário ao final do mês, e os outros que se danem!

Passar seis, oito, dez horas em um local assim, ao longo de anos, me tornou desconfiado e com o pé atrás em relação a quase todos. Julgo hoje as pessoas pelo que elas fazem, principalmente nos momentos em que acreditam não estarem sendo observadas. Já se foi o tempo em que, se alguém me afirmava algo do tipo "penso assim"ou "faria isso", eu acreditava. Afinal, pensava eu, na minha ingenuidade ou honestidade, como queiram, se alguém diz algo, é porque pensa daquele jeito. Huh!

Já vi pessoas se unirem em torno do objetivo de derrubar ou prejudicar alguém, simplesmente para pegarem seu cargo. Eu mesmo acredito que  já fui vítima deste comportamento uma vez.
Já vi gente passar a rasteira na pessoa que a convidou para ir trabalhar lá na instituição onde labuto.
Para que isso ? Para ganhar muito mais ? Não. Em alguns casos o aumento salarial mal chegava a 15% do salário anterior. Então, por que ?
Porque, no mundo do trabalho competitivo e corporativo, o pior das pessoas vem à tona. No mundo da competição corporativa, onde ter um salário um pouco melhor, ter vaga exclusiva na garagem, participar de reuniões que, teoricamente, decidem alguma coisa, possuir telefone celular pago pela empresa para ficar disponível e ter sala e secretária próprios é mais importante do que ter caráter. Não é a toa que pesquisas já demonstram que as chamadas "lideranças"nas empresas são formadas em grande número por psicopatas e sociopatas (http://www.istoe.com.br/reportagens/paginar/189396_OS+PSICOPATAS+CORPORATIVOS/17).

Sinto que o ditado que diz que  "O trabalho enobrece" não se aplica ao mundo corporativo. Nele muitas   pessoas se deixam dominar por seus mais baixos instintos. Colocam seus talentos e inteligências a serviço de si próprios acima de tudo, e não deixam de atropelar alguém se isso se mostrar de serventia para si. Tudo isso por muito, muito pouco. No fundo não é um comportamento inteligente no longo prazo.

Bem , o que fazer ?  Ter uma relação  respeitosa, porém distante e fria com este ambiente. Fazer seu trabalho da melhor maneira possível, mas colocar ênfase em outras atividades ou lugares (sua família, sua hora de lazer). Em um ambiente onde os baixos instintos e valores medram, e são muitas vezes vistos como positivos (sim, porque para o sistema só o melhor vence!),  benéfico é  ter pouco contato.

O mais interessante é que, ao final de tudo, percebo que as pessoas que agem da pior maneira e tornam o ambiente de trabalho péssimo, são asquelas mais infelizes na vida privada. Por outro lado, conforme o tempo passa, são as que aparentam envelhecer mais depressa. Seus olhares refletem a ambição e a insatisfação permanentes.
Deve ser difícil perseguir sempre os olhares de aprovação e inveja alheios como alimento para sua pobre auto-estima.

sábado, 11 de agosto de 2012

O Fla x Flu no debate político nacional

Onde buscar informação segura e imparcial nos dias que correm ?
Pra falar a verdade, nunca houve esta tal de notícia imparcial. Sempre quem divulga ou publica algo tem interesse que aquela notícia vire informação, isto é, que ela circule e seja debatida  a partir dos parâmetros fornecidos por quem a divulgou. Mesmo o fato  de não se publicar alguma informação sugere interesses e parcialidade.

Até há algum tempo vivíamos sob a visão de uma grande imprensa chapa branca da maioria dos governos.
Não que não tivéssemos o jornalismo investigativo e alguns colunistas políticos mais sérios (não de todo sérios,mas mais sérios que a média).

Pois bem, atualmente temos o contexto de um  Fla X Flu no jornalismo político brasileiro.
Desnecessário dizer que, em uma disputa destas, a imparcialidade (ou algo minimamente próximo a ela)  deixa de existir por completo.



























E quais as características do jornalismo de arquibancada ?
A primeira delas é a frenética tentativa de apresentar o mundo como uma arena de luta entre o Bem e o Mal. O meu lado é formado por pessoas íntegras, inteligentes, bem-informados e, sobretudo, bem intencionadas. Pessoas que sabem para onde o mundo, ou o país, deve seguir. O outro lado é constituído por indivíduos mal-intencionados, vis, ignorantes ou inteligentes, mas, de qualquer forma, com desvios de caráter que não deixam dúvidas das intenções pérfidas que possuem.

A segunda característica é a omissão de tudo aquilo que não interessa ao meu lado e a exploração ao máximo de tudo de ruim, real ou imaginário, que o outro sabe, tem ou fez. Não há perdão.

Como conseqüência da característica anterior, surge uma outra, o denuncismo. O termo aqui  tem a ver com propagação de falsas denúncias, mas, também,  com a  realização de reportagens que buscam escandalizar, chocar com o objetivo de endemonizar o outro. Há  também, é claro, a intenção de  vender o máximo que puder por meio de um atividade digna da  imprenssa marrom.

Suspeito que muito das características acima têm a ver com a baixa qualidade de nossos jornalistas (não que os de gerações passadas fossem melhores).  A sociedade vem mudando, tornando-se mais escolarizada, intelectualizada e plural. O jornalismo brasileiro não vem  acompanhando as mudanças no passo que elas ocorrem. Daí que, em  tempos idos, os profissionais da imprensa até pareciam  dar conta do recado, passando a ilusão de serem imparciais,   e que as empresas de jornalismo interessavam-se unicamente em bem informar.
Este mito não se sustenta mais.

Não é só isso, contudo. Sabemos que, a medida que o tempo se esvai as instituições, da Igreja até uma associação de moradores,  passam a ter seus  interesses voltados, sobretudo,  para suas próprias existências.  Se distanciam dos objetivos e aspirações para os quais foram criados e buscam manter-se a todo custo.
Os veículos de comunicação que vivem da divulgação de notícias não são diferentes. Possuem suas alianças e seus desafetos, de maneira que  atuam de acordo com seus interesses. Publicam o que lhes é conveniente e deixam de publicar o que não lhes agrada ( ou ainda publicam de maneira deturpada).

O Brasil, ainda com condições sociais questionáveis e com uma cultura cívica ainda em formação, não tem meios de exercer algum controle (ou mesmo um acompanhamento) da atividade das empresas jornalísticas.  Quando digo  o Brasil, não quero dizer governo(s), quero dizer  sociedade. Longe de mim desejar controle estatal sobre a imprensa. Até porque o único controle com um mínimo de eficácia em que acredito é aquele exercido pela cidadania. Conselhos formados por governos tendem a serem capturados por interesses privados ou a terem forte viés ideológico pró-governo (independente da coloração política).
Fala-se muito em fiscalizar  governos, o que é ótimo e deve ser feito. Aliás, a imprensa tem um papel importante a realizar neste ponto.
Entretanto, quem  fiscalizará a imprensa para que não continuemos a ver defesa de causa própria travestida de interesse público e bom jornalismo ?


terça-feira, 3 de julho de 2012

Allen's To Rome with Love

I have just seen the newly released Woody Allen's To Rome with Love. Unfortunately I have to say that Allen is no longer at his best creative momentum.
The film drags on for too implausible stories even for those who admire the films of Allen.
So implausible they are that they lose the grace. I mean, they are not funny. You know that, in the end, everything will be all right.
Ok, it's a romantic comedy, light issues are welcome, but they don't need to be trivial, please!

The stories  are also  far from having a good and reasonable plot. It seems that he had some hurried ideas he would like to implement quickly.  In the end he had no notion how to finish them well.

The scenes of a character on stage singing arias while bathing were bad taste and too far from funny. It was stupid!

The scene of a burglar in the bathroom of the hotel was conducted at the expense of a minimum of logic and plausibility of the script. The assailant appeared from nowhere!

The characters do not have psychological density, since they are constituted through stereotypes and caricatures of resources.  Roberto Benigni last scene illustrates this. It was silly. Added nothing to the plot.

Jack and Monica, for example, are beings we have seen in many of Allen's previous  works. As a result their speeches are predictable. You have heard them before. When one speaks you know what comes next. In fact all characters are Allen's former creatures. There's nothing new and surprising.

By the time the film is in its  middle, you are fed up with boring.

I still have Allen as a great director and screenwriter. I have an  enormous empathy for him and most of his films.  Some of his recent movies, however,  are some degrees below the minimal expectation.

Allen gives us the impression that, he is on vacation whenever he produces outside the U.S.  To Rome with Love in particular is full of a holiday mood. The result ? A stack of obviousness.





terça-feira, 26 de junho de 2012

Telefones celulares

Sinceramente, tenho saudades dos tempos em que telefones celulares não existiam.
Ainda que não possua um (já tive um por três anos), fico incomodado pela maneira rápida e acrítica de como  a sociedade se conformou  a este aparelho.  A maioria das pessoas que me conhece se acostumou ao fato de eu não ter um. De vez em quando, porém, alguém me cobra: "E aí ? queria te contar uma coisa, mas não te achei em lugar nenhum. Você não tem celular, pô!". Ou ainda: " Quando é que você vai compra um celular ? Só pra de vez em quando alguém te achar. "
Aí está um dos nós da questão: muitas vezes eu não quero ser achado!
Celulares são caros (bom, pelo menos eu acho!) e as contas são altas (e não adianta falar pouco ou colocar no pré-pago). O pior, entretanto, o que me irrita mesmo, é o fato de que, quando tinha um, não conseguia curtir meus momentos de solidão (no bom sentido do termo, certo ?). Lá estava eu sentado na grama, olhando o vai-e-vem dos pássaros nas árvores, seus gorgeios e ...pimba! O celular tocava!
Outras vezes queria simplesmente caminhar e pensar nas coisas boas da vida, ou em um probleminha que me incomodava e... o celular tocava!


Se pensarmos um pouco veremos que os telefones, em geral, nos proporcionam poucas conversas interessantes (as interesantes mesmo ocorrem pessoalmente). O que eles nos oferecem são acesso rápido a aborrecimentos como vendedores e pedidos de doação. Claro, é muito bom receber a ligação de um amigo com o qual você não falava há muito tempo; ou de um parente; ou, ainda, a lembrança pelo seu aniversário.
Estas, contudo, são, em termos numéricos, minoritárias. A grande maioria é chatice.


Agora imagine você carregar um aparelho em que estas ligações chatas te encontram em qualquer lugar em que estejas! Na verdade, você paga para se colocar à disposição delas: do conhecido chato que não tem nada rico para contar, mas quer conversar; da própria empresa da linha telefônica que te liga  para oferecer pacotes novos de serviços e, é claro, do trabalho. Este último, então, é o sorvedouro de seu tempo. Ligam para saber se você já está chegando, para dizer que o chefe já está entrando na reunião e perguntou por você, ou para perguntar sobre um trabalho que você já disponibilizou pra todo mundo em uma pasta de computador compartilhada justamente para evitar aquela ligação. Isto é, o celular é o caminho mais rápido e seguro para as pressões do trabalho te acharem. E eu ainda pagando por isso ?


Não, não, havia algo errado. Durante três anos tentei manter aquele aparelho, mas cheguei a inevitável conclusão que era mais feliz sem ele. Além do mais, não temos telefone no trabalho e em casa ? Endereço eletrônico ? Pessoal e profissional ? Pra que mais ? Pra que vou me colocar mais à disposição ? Preciso de tempo para mim também, uê!

É muito bom para o sistema produtivo ter as pessoas 24 horas do dia à disposição, mas eu tô fora!
O irônico é que a grande maioria das pessoas não se dá conta disso. Acham anormal quando alguém diz que não tem e não pretende ter celular.

domingo, 10 de junho de 2012

Coisas detestáveis e coisas aprazíveis

Coisas detestáveis: lápis sem ponta; jornal desarrumado; programas de auditório; ter que abrir bagagem na alfândega*; campanha de doação pelo telefone; falta d'água; reunião de trabalho segunda-feira pela manhã, reuniões de trabalho em geral; taxista que pede sua ajuda para encontrar o endereço para o qual você deseja ir; vizinho que adora escutar música alta; coroa metido a garotão; garotão; patricinhas; crianças sem limites; fila dupla; serviço militar; praça de alimentação de shopping; refrigerante em lata dentro da sala de cinema; celular em cinema; pessoas que se acham "descoladas" (seja lá o que isto queira dizer); vendedor(a) que pressiona o cliente a adquirir produto ou serviço; consultores e consultorias; o Fluminense tomar gol nos últimos cinco minutos da partida e perder o jogo; ter seu nome chamado aos berros; ir para o trabalho em ônibus ou metrô lotado; te pedirem para realizar um trabalho ou tarefa com prazo incompatível; ter a saída do elevador bloqueada por outra pessoa; engarrafamento; buzina; restaurante de atendimento demorado; pessoas que se acham mais inteligentes que as demais; último capítulo de novela (tudo acaba previsivelmente bem); pessoas correndo para ver desastre ou acidente; pagode; seriados de TV; o politicamente correto; comercial de celular; propaganda de cerveja; hip-hop, feministas, fila.

Coisas aprazíveis: a primeira xícara de café pela manhã; o pão quente e a manteiga derretida;  ser felicitado pelo seu aniversário; pisar a grama descalço; rever  filme antigo  em dia chuvoso e frio debaixo das cobertas;  filme antigo  com qualquer tempo; ficar deitado olhando para o teto; ficar deitado embaixo de uma árvore e pensar na vida; jogar xadrez com um amigo em casa; levar a namorada para assistir filme em casa; levar a esposa  ao teatro e depois ir a um bom restaurante; brincar com os cachorros no quintal de casa; a felicidade de um cachorro ou outro animal abandonado ao ser retirado da rua; o bolo da namorada; a comida da mamãe; ver um beija-flor; noturnos de Chopin; conversar com amigos de muitos anos;  o Stabat Mater de Vivaldi; ler Machado de Assis, Tolstoi ou Shakespeare na tranqüilidade do lar; ouvir a Cultura FM de São Paulo a qualquer hora do dia; caminhar sem rumo pelo centro de qualquer metrópole; visitar um museu  quando ele está vazio; cinema dia de semana; jogar futebol com amigos e colegas de muito tempo; Petrópolis no inverno; São Paulo em dia de garoa; reencontrar a professora das primeiras séries do ensino fundamental; ir a um café e esperar, sem pressa, que o engarrafamento se desfaça; caminhar pelo Jardim Botânico do Rio; acordar e não ter nada para fazer;  pizza sábado à noite; texto de Shakespeare bem encenado; as cantinas do Bexiga; a chuva caindo sobre o telhado de casa; o barulho das ondas sobre a praia, o emparedado de jamón y queso do Café Tortoni.

* Esta eu tirei de um texto de Fernando Sabino.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Isto é Brasília

O pior de morar em Brasília não é o clima horrivel do meio do ano, em que o ar fica insuportavelmente seco e o mínimo esforço faz teu coração palpitar com a ausência de umidade no ar que inspiras. Não, não é isso o pior!

Também não é o custo de vida altíssimo da cidade em que uma kitch custa mais que um apartamento de dois quartos em muitas capitais do país, e um simples lanche quase custa o preço de um almoço em outros lugares. Não, não é.

Não é tampouco os péssimos serviços e a mão-de-obra desqualificada que produz motoristas de ônibus e táxi grosseiros, garçons mal-educados e barbeiros que realizam cortes de cabelo tão bons quanto você mesmo os faria. Ainda não é isso o pior.

Não são as distâncias imensas, em que, até para compra um simples pão, você precisa caminhar mais de quinhentos metros.

Não é a existência de uma universidade de quinta categoria, chamada "a melhor universidade do centro-oeste", cuja principal função aos olhos da população nativa é a produção de diplomas para os filhinhos dos aspones entrarem no serviço público por meio de concurso público. Isto é péssimo, mas ainda não é o pior.

Não é a falta de transporte público, ou o horroroso serviço da segunda pior companhia de luz e força do país (CEB), ou a quase ausência de vida cultural, ou, ainda,  a não existência de um único clube de futebol que te alegre a sair de casa no domingo para assistir uma partida de futebol. Não, não é nada disso o pior!

O pior de Brasília é sua gente e seus valores.
O que em outras cidades são vícios e problemas morais localizados em setores da sociedade ou em grupos profissionais aqui se constitui  na própria moral pública!


Pecado em Brasília é não se dar bem!
Trabalhar pouco e ganhar muito, eis no que se resume a ética da maioria dos candangos.
Valores baseados no pequeno mundo da administração pública ganham as ruas, condomínios, quadras e domicílios desta provinciana cidade.
Você não é você, mas sua carreira. O que você faz no trabalho é que o classifica ante os olhos míopes dos caipiras deste fim-de-mundo. Sua profissão o define, e ponto!

Nem vale a pena andar de carro ou ônibus quilômetros e quilômetros para ir a um bar ou restaurante mais ou menos, onde você encontrará, com quase toda certeza, pessoas que não valem a pena. Encontros em que irão te perguntar três coisas: seu nome, onde trabalha e onde mora. Pronto, já estás classificado.

Além disso, muitas  pessoas sofrem de um arraigado problema  de baixa auto-estima. Tão forte ele é que, muita embora as pessoas por aqui busquem disfarçá-lo, ele fica evidente pelas manifestações de dandismo, arrogância, necessidade de reconhecimento e ostentação.

Isto é Brasília!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Baudolino

I have just finished Umberto Eco's Baudolino. I bought this book some years behind, but just some weeks ago I have decided reading it since I have the tendency of buying more books than I can read. So, I have a  constant row of books to be read.




When I finished reading the book I feel like I had a friend leaving me. Baudolino decided to make the way back he came after telling Nicetas Coniates, a greek writer and historian, his life story and adventures.
I measured the distance between his adventures and our common, sometimes boring and predictable life.
Fighting side by side with a panotti against a white hun or travelling through unknown lands is very different from meeting the same people in the office from monday to friday or being stuck in a jam.

Well, on the other hand, is good to know you will be in a confort bed when the day is over.

For me the book gain momentum from the page 90 onward, when the aim of achieving the land's of Prestes John becames clearly the focus of the narrative.

It's a book that deserves a second reading because it is ful of passages and discussions of historical and theological content. 

domingo, 6 de maio de 2012

Aruska (10/04/2005 - 06/05/2012)



Aruska nos deixou hoje. Foi amada e cuidada como uma pequena jóia.
Nasceu a mais fraquinha de uma ninhada de quatro pequenos pastores belgas. Nasceu doentizinha.

Em mãos menos habilidosas certamente teria vivido muito menos tempo.
Meu irmão e minha cunhada souberam dar-lhe uma vida feliz e digna.
Viveu o que lhe foi possível em meio as pessoas que a amavam e a outros cães que a tinham como líder.

Querida Aruska, vá em paz.
Que a essência do que foi possa se juntar para sempre à deste grande cosmos, em que todos nós, pequenas criaturas, vivemos.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

The Teatro Municipal and my arrival in São Paulo





I have fond memories of the Teatro Municipal of São Paulo. When I arrived  in that city, around my early twenties for studying purposes, I spent almost a whole year trying to adapt myself to the fact that I was alone there and that São Paulo would require a completely different way of enjoying the city, much different of the one people had in Rio de Janeiro.


As time passed on, I discover myself much closer to São Paulo way of life in comparison of that of Rio.
The Teatro Municipal has something to do with it. 
Through the Municipal Theatre I started to know the city better. First I just went to attend the free performances of some local orchestras. Then I walked freely, with no purpose in downtown São Paulo. 
With time I was walking more deeply in the neighborhoods, having the chance of knowing museums, librarys, restaurants, parks, streets and avenues. Most important of all, however, was the chance to observe the relation between the paulistanos and their city. 

São Paulo is not nearly as beautiful as Rio de Janeiro, I have to say, but, for me, is immensely more interesting. In São Paulo we do not have, as in Rio, the concentration of some many cultural apparatus in so few city districts. No, in Sampa there are theaters, showrooms and cultural sites dispersed throughout the city. 


A 2008 survey showed that the city had by that time 120 theaters, 40 cultural centers257 cinemas,  90 museums and some 75 public libraries*. These numbers for sure are now exceeded.


Okay, they are not equally distributed among all districts, but when one compares them with Rio cultural apparatus (wich is 80%, at least,  in very few rich neighbors), Sampa provides to its population much more democratic acess to cultural goods. No doubt about it!


Well, I was speaking about the Municipal. 
There, Opera  first attracted my interest. Not that I had not seen one before in Rio. In fact I had , but the production and plot  was so terribly made by that time by a poor talent and arrogant contemporary author called Gerald Thomas that  it took me some years to have my attention aroused again towards operas (some years later I have the opportunity of seeing great classic operas in the  Municipal of Rio de Janeiro.) 
So, for  appropriate purposes my first opera was Verdi's Macbeth at Municipal of São Paulo!


As I got to know better the city center I was venturing into other theaters, other tastesI keep saying, however, that   the Municipal was my  gateway to cultural life  in a city which I had no family, friend  or   known person




 photo: Paulo Vitale 
Source: http://especiais.ig.com.br/zoom/o-centenario-do-teatro-municipal-de-sao-paulo/

Source: http://www.timeout.com.br/sao-paulo/teatro-danca/features/112/theatro-municipal

After a year or more I had some colleagues with whom I used to go to downtown. I even had later  two girlfriends with whom I attended some concerts at the Theater. We walked then  to the nearest cafe or restaurant (the downtown and the surround districts have some of the most traditional restaurants and cafes of the city).  Nothing like ending the evening with good conversation accompanied by a pizza or coffee. 


*URBS Magazine, p. 51, nº 45. 2008

sábado, 24 de março de 2012

Unglamorous Misantropia



Someone has said that the best place to start is no doubt at the very beginninng.  Unfortunately  I don't know exactly the first time  I realize that the majority of persons did not yield a good conversation. I think it happened late in my life when I was a young teenager, but, at the beginning, I  gave no great attention to this.

I do not feel myself better than anyone. Oh, no! I'm an ordinary person. I really experience so! 

Being ordinary doesn't mean, however, being poor inside; I mean, having no content!

In fact, I have just observed how people, in general,  are uninteresting . They are, in most cases, just living their lives with no other purpose than make money, buy a car, a house and gain social status.

Ok. I'm also not an entertaining person for the most of my human fellows. I'm an introvert person, cynic and I admit I have a pair of manias. I think some supposed I'm snobbish,  selfish or even an antisocial person.

No, I'm not antisocial.  I love playing soccer and tennis. Go to a stadium for a match is nice!  

I also enjoy a good talk. I really do! The question is that it doesn't have to be a highbrow coversation, but it has to be enriching. If not, please, leave alone!

What I cannot stand anymore is someone talking to me about disgusting and boring  thinks like self-promotion gabble, clothes brand or everyday opinions sought on TV, newspaper or gossip magazines.

Yes, in a era of mass culture there is a longing for money, fame and influence. This makes many prosaic and vulgar. So, these people bother me with foreseeable talk. 

I know there is interesting persons, dedicated to noble causes, with a sense of respect for others that work in anonymity. I have a great respect for them! But let's be honest, these people are so few! In general humans are not helpful to each other. They are also cabotinasnarcissistic and unable to judge things with detachment in relation to their immediate interests.

Maybe I have my moments of misanthropy or, maybe, I  just want to spend my time with people who are worthy of a good conversation and relatioship. The ones that  will bring me good and valuable reflections or, at least, will bring cheer sense of humor.  

I believe people can discuss simplicities and common day life with intelligence.