Sinceramente, tenho saudades dos tempos em que telefones celulares não existiam.
Ainda que não possua um (já tive um por três anos), fico incomodado pela maneira rápida e acrítica de como a sociedade se conformou a este aparelho. A maioria das pessoas que me conhece se acostumou ao fato de eu não ter um. De vez em quando, porém, alguém me cobra: "E aí ? queria te contar uma coisa, mas não te achei em lugar nenhum. Você não tem celular, pô!". Ou ainda: " Quando é que você vai compra um celular ? Só pra de vez em quando alguém te achar. "
Aí está um dos nós da questão: muitas vezes eu não quero ser achado!
Celulares são caros (bom, pelo menos eu acho!) e as contas são altas (e não adianta falar pouco ou colocar no pré-pago). O pior, entretanto, o que me irrita mesmo, é o fato de que, quando tinha um, não conseguia curtir meus momentos de solidão (no bom sentido do termo, certo ?). Lá estava eu sentado na grama, olhando o vai-e-vem dos pássaros nas árvores, seus gorgeios e ...pimba! O celular tocava!
Outras vezes queria simplesmente caminhar e pensar nas coisas boas da vida, ou em um probleminha que me incomodava e... o celular tocava!
Se pensarmos um pouco veremos que os telefones, em geral, nos proporcionam poucas conversas interessantes (as interesantes mesmo ocorrem pessoalmente). O que eles nos oferecem são acesso rápido a aborrecimentos como vendedores e pedidos de doação. Claro, é muito bom receber a ligação de um amigo com o qual você não falava há muito tempo; ou de um parente; ou, ainda, a lembrança pelo seu aniversário.
Estas, contudo, são, em termos numéricos, minoritárias. A grande maioria é chatice.
Agora imagine você carregar um aparelho em que estas ligações chatas te encontram em qualquer lugar em que estejas! Na verdade, você paga para se colocar à disposição delas: do conhecido chato que não tem nada rico para contar, mas quer conversar; da própria empresa da linha telefônica que te liga para oferecer pacotes novos de serviços e, é claro, do trabalho. Este último, então, é o sorvedouro de seu tempo. Ligam para saber se você já está chegando, para dizer que o chefe já está entrando na reunião e perguntou por você, ou para perguntar sobre um trabalho que você já disponibilizou pra todo mundo em uma pasta de computador compartilhada justamente para evitar aquela ligação. Isto é, o celular é o caminho mais rápido e seguro para as pressões do trabalho te acharem. E eu ainda pagando por isso ?
Não, não, havia algo errado. Durante três anos tentei manter aquele aparelho, mas cheguei a inevitável conclusão que era mais feliz sem ele. Além do mais, não temos telefone no trabalho e em casa ? Endereço eletrônico ? Pessoal e profissional ? Pra que mais ? Pra que vou me colocar mais à disposição ? Preciso de tempo para mim também, uê!
É muito bom para o sistema produtivo ter as pessoas 24 horas do dia à disposição, mas eu tô fora!
O irônico é que a grande maioria das pessoas não se dá conta disso. Acham anormal quando alguém diz que não tem e não pretende ter celular.
Ainda que não possua um (já tive um por três anos), fico incomodado pela maneira rápida e acrítica de como a sociedade se conformou a este aparelho. A maioria das pessoas que me conhece se acostumou ao fato de eu não ter um. De vez em quando, porém, alguém me cobra: "E aí ? queria te contar uma coisa, mas não te achei em lugar nenhum. Você não tem celular, pô!". Ou ainda: " Quando é que você vai compra um celular ? Só pra de vez em quando alguém te achar. "
Aí está um dos nós da questão: muitas vezes eu não quero ser achado!
Celulares são caros (bom, pelo menos eu acho!) e as contas são altas (e não adianta falar pouco ou colocar no pré-pago). O pior, entretanto, o que me irrita mesmo, é o fato de que, quando tinha um, não conseguia curtir meus momentos de solidão (no bom sentido do termo, certo ?). Lá estava eu sentado na grama, olhando o vai-e-vem dos pássaros nas árvores, seus gorgeios e ...pimba! O celular tocava!
Outras vezes queria simplesmente caminhar e pensar nas coisas boas da vida, ou em um probleminha que me incomodava e... o celular tocava!
Se pensarmos um pouco veremos que os telefones, em geral, nos proporcionam poucas conversas interessantes (as interesantes mesmo ocorrem pessoalmente). O que eles nos oferecem são acesso rápido a aborrecimentos como vendedores e pedidos de doação. Claro, é muito bom receber a ligação de um amigo com o qual você não falava há muito tempo; ou de um parente; ou, ainda, a lembrança pelo seu aniversário.
Estas, contudo, são, em termos numéricos, minoritárias. A grande maioria é chatice.
Agora imagine você carregar um aparelho em que estas ligações chatas te encontram em qualquer lugar em que estejas! Na verdade, você paga para se colocar à disposição delas: do conhecido chato que não tem nada rico para contar, mas quer conversar; da própria empresa da linha telefônica que te liga para oferecer pacotes novos de serviços e, é claro, do trabalho. Este último, então, é o sorvedouro de seu tempo. Ligam para saber se você já está chegando, para dizer que o chefe já está entrando na reunião e perguntou por você, ou para perguntar sobre um trabalho que você já disponibilizou pra todo mundo em uma pasta de computador compartilhada justamente para evitar aquela ligação. Isto é, o celular é o caminho mais rápido e seguro para as pressões do trabalho te acharem. E eu ainda pagando por isso ?
Não, não, havia algo errado. Durante três anos tentei manter aquele aparelho, mas cheguei a inevitável conclusão que era mais feliz sem ele. Além do mais, não temos telefone no trabalho e em casa ? Endereço eletrônico ? Pessoal e profissional ? Pra que mais ? Pra que vou me colocar mais à disposição ? Preciso de tempo para mim também, uê!
É muito bom para o sistema produtivo ter as pessoas 24 horas do dia à disposição, mas eu tô fora!
O irônico é que a grande maioria das pessoas não se dá conta disso. Acham anormal quando alguém diz que não tem e não pretende ter celular.