Benvindos!

A idéia de criar este espaço surgiu aos poucos. Nasceu da necessidade de expandir o grupo de pessoas com as quais me correspondo ou com as quais converso sobre temas de interesse em comum. Desejo que seja um lugar de troca de idéias e informações, mas , sobretudo, de boa conversa, democrática e sem preconceitos. Mais uma vez, benvindos.



quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Fatos que não se discutem por serem politicamente incorretos

Assisti recentemente mais um daqueles programas de TV pública, portanto financiados com nosso dinheiro, que faz apologia a ideologias estranhas à nossa cultura e História.

Tratava-se da entrevista com um "militante" do movimento negro e um acadêmico (daqueles que se vendem a quem esta no poder) sobre o que ? O dia da Consciência Negra, Zumbi dos Palmares, resistência negra...arrff!

Já sabia o que iria ouvir. O mesmo blá, blá, blá sobre dívida histórica com os negros (ou serão pretos ?), a vitimização de todo um "povo" (que povo ?) trazido da África por obra  de gananciosos europeus brancos (os vilões), e por aí vai.

Muita pobreza de análise com o desenrolar do programa. O mundo dividido entre vitimas e algozes, claramente delineados. A entrevista, de resto, seguia  o previsível de sempre:  a necessidade de "resgatar"(palavra ridícula) a população negra e"pagar" a dívida social que temos com ela.

Fiquei a pensar, será que algum dia o debate inteligente emergirá no espaço público ? Ou ficaremos reféns para sempre do politicamente correto, que serve, apenas, aos desonestos e aproveitadores ?

O politicamente correto é utilizado por gente mal-intencionada. Seu objetivo no campo dais idéias é silenciar quem pensa diferente ou mesmo aqueles que aderem somente a uma parte do argumento.   Ele é utilizado para silenciar vozes. Empurra-se grande parte das  pessoas para fora do debate  público lastreado na livre troca de argumentos  .

Em busca da "justiça social" não há espaço para um ambiente democrático. O resgate de "milhões" não pode esperar o amadurecimento das idéias fruto da troca livre de posições ideológicas diferentes.

Soa familiar ? Parece que já vimos este filme ? Sim, para quem conhece um pouco de História. Sabemos qual o resultado do discurso pretensamente moralista e correto: o aniquilamento social, psíquico e físico de quem tem opinião própria. Algo parecido com aquilo que os bolcheviques fizeram na Rússia pós-revolucionária, ou Fidel faz em Cuba.

Você não concorda que as mulheres são as vítimas exclusivas histórica de nossa sociedade machista e patriarcal ? Não acha que os negros (pretos) merecem direitos especiais por conta de uma escravidão que terminou há, deixe-me ver, 125 anos (cinco ou seis gerações atrás) ? Acredita que, no ocidente, devemos dar aos imigrantes de países com outras crenças e  costumes espaço para que vivam como se em seus países estivessem, mesmo sabendo que lá nos países deles este direito nos seria negado ?

Se respondeu "não" a pelo menos a alguma das perguntas acima, você pode ser enquadrado como um nefasto conservador ultramontano que se apega a preconceitos paroquianos em detrimento de uma vida plural e democrática.

Será que a realidade é assim, dicotômica ? Bons e maus ? Vítimas e algozes ? Ou será mais complexa e cheia de matizes ?

Será que os africanos foram exclusivamente vítimas do odioso comércio de vidas humanas que cruzava os oceanos ? Ou será que muitos deles se beneficiaram também ?

Até onde sei muitos impérios  e civilizações africanas  se mantiveram por meio da exploração do comércio atlântico e índico de escravos. Ou seja, tinham interesse em sua manutenção e ampliação. Tanto foi assim, que, com o fim do comércio de escravos por volta de 1850 (iniciativa européia), as civilizações africanas que dele auferiam vantagens entraram em colapso*.

Não gosto de racista nem racialistas, mas odeio, sobretudo, os oportunistas que ganham com o discurso racial. Aqueles que distorcem as coisa a seu bel-prazer. Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU de 1948, raças não existem. O ser-humano é único. Pois agora, este mesmo documento é interpretado como "um marco na luta pela igualdade racial e combate ao racismo". Como ?

Por outro lado, e os  indígenas, acaso não foram escravizados também ? Eles são atendidos pelas políticas que buscam dar apoio aos "negros"? Não que eu saiba.

E o que é ser "negro" em um país mestiço ? Ou será que descobriram irrefutavelmente que somos um país dividido apenas entre brancos e negros que se digladiam há séculos ? Teremos que trocar as análises de nossos clássicos da Sociologia e  História por raivosas interpretações ?
Faço minhas as palavras de Ali Kamel: "Estão a falar de outro país. Este não é o Brasil."

Não nego que a sociedade brasileira tem sido preponderantemente machista e misógina. Medidas para mudar foram e têm sido tomadas no campo legal e mesmo no de costumes. Ora viva!
Entretanto, as mudanças tem sido norteadas muitas vezes por uma visão, ao meu ver, oportunista. Caminhamos rapidamente para uma situação misândrica.  O Homem, independente de origem, posição, valores e comportamento tornou-se o inimigo. Senão, qual o sentido de leis e direitos especiais para as mulheres ?  Alguém poderia me convencer por que as mulheres têm o privilégio de trabalhar cinco anos menos que os homens ? Acaso, nas rápidas mudanças sociais que correm, muitos homens não possuem a chamada "dupla-jornada"também ?

Muitos homens também não são vítimas de violência  em casa ? De violência psicológica principalmente ? É claro que sim. Há estudos a respeito ? Não que eu saiba.
Quem iria tentar apresentar à uma banca universitária uma dissertação (em geral dominada por um pensamento de esquerda nada dialético), ou realizar um estudo para subsidiar políticas públicas com base em dados que contrariem interesses fundados no discurso politicamente correto ?

Fato é que você olha hoje as políticas públicas em nosso país e observa que grande parte dela é apropriada pelas "minorias exploradas"com base no discurso politicamente correto que endemoniza parte da população de forma a criar antagonismos alienígenas a nossa tradição social e histórica. É esta atitude que está na base da justificativa das "políticas especiais" para as mulheres, as eternas vítimas dos homens, o macho é um ser dominador e perverso. Como se as mulheres fossem formadas em seu conjunto por santas.

A visão de uma mulher com o rosto e cabeça cobertas me passa a viva percepção de uma pessoa oprimida. Na verdade, mais que me choca, me agride. Sou filho de uma civilização que lutou séculos para livrar-se de comportamentos opressivos e privilégios. Não me peçam para compreender a burca ou o  véu como coisas normais dentro de certos contexto sócio-culturais, ou como livre-arbítrio de mulheres que optaram por adotá-lo. Não é porque o escravo se acostumou com o chicote que irei louvar a ambos.

É óbvio que o fato de ter que cobrir parte de seu corpo enquanto a outra metade da população, a masculina, está livre para não  fazê-lo, traduz um ambiente familiar e social opressor.
Neste sentido, a proibição do uso de véus ou burca nas escolas francesas me pareceu acertado.
Se no Afeganistão, Irã ou outro país em que o islão é majoritário, uma mulher não deve e não pode sair à rua sem o uso de tais apetrechos, independente de ser nativa ou não; cristã ou muçulmana, por que devo, então, ser tolerante, em meu país, com os símbolos da intolerância ? Que se dane o tal pluralismo cultural (outra invenção do politicamente correto e que só tem ocasionado mal-entendidos e embustes), em meu país quero que os valores e símbolos expostos sejam debatidos e questionados publicamente sem apriorismo e pré-conceitos de uns quantos que se julgam democratas ou melhor pensadores que outros.
Quem se acha imbuído de forte sentimento em prol de minorias religiosas, que vá defender cristãos e budistas em países de maioria muçulmana. Ganhará, pelo menos, meu respeito.








* Mesmo assim, o comércio de escravos na própria África continuou por algum tempo em escala  menor. Bem entendido, a atividade de africanos escravizarem africanos continuou até o século XX. Portanto, nada a ver com uma imposição européia sobre aquelas culturas. Aliás, quando os europeus chegaram a África subsaariana, o comércio de escravos já era uma realidade há milênios. O que eles fizeram foi ampliá-lo e colocá-lo sob seus interesses.