Benvindos!

A idéia de criar este espaço surgiu aos poucos. Nasceu da necessidade de expandir o grupo de pessoas com as quais me correspondo ou com as quais converso sobre temas de interesse em comum. Desejo que seja um lugar de troca de idéias e informações, mas , sobretudo, de boa conversa, democrática e sem preconceitos. Mais uma vez, benvindos.



terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Porque odeio dirigir.

Cheguei em casa há pouco mais de meia hora. Ainda estou um tanto agitado em função da sempre desprazerosa experiência de dirigir em minha cidade de residência.

Raras vezes não ocorre um ou dois casos de ser cortado pela direita ou ter alguém há poucos centímetros atrás de meu veículo exigindo passagem quando ainda estou realizando uma ultrapassagem. 
Coisas assim ocorrem quase todas as vezes que saio. 
Isso para não falar de carros que forçam passagem sem colocar seta, que saem do acostamento ou de uma parada na sua frente sem dar aviso que vai voltar à pista e por fim, aqueles babacas que querem arrancar primeiro no semáforo e saem cantando pneu como se você e ele estivessem apostando corrida.

Depois de anos presenciando  atos como esses e percebendo que só estão aumentando, confesso que adquiri um misto de raiva e medo de dirigir. Sinto-me ameaçado toda vez que coloco o carro na rua, tanto quanto uma pessoa que caminha por uma região da cidade sabidamente perigosa. Vejo nos motoristas de outros automóveis como seres hostis, capazes de, conscientes ou não, ferir a mim e a outros.   

Ainda há pouco, quase que uma senhorita aloprada bate na traseira de meu carro por conta de ter acelerado quando viu que coloquei a seta e comecei a retornar para pista. A distância entre ela e meu carro era mais que segura para a manobra. Ela vinha em velocidade compatível com a pista, o que me daria tempo para entrar no fluxo tranqüilamente, mas o que fez ela ? O que muitos motoristas brasileiros infelizmente fazem, acelerou para impedir minha entrada na frente dela. Quase batemos. Foi por pouco! Ela ainda buzinou, vejam só!
  
Gentileza não existe na saída do elevador, no cinema, na praia ou no transporte público! O trânsito é apenas uma faceta de nosso cada vez mais difícil convívio social, e da indigência de nossa cultura cívica. Não é a toa que somos uma das sociedades mais violentas do mundo.  Parece, entretanto que para muitos estes fatos se tornaram um dado da realidade, assim como as chuvas de verão ou a subida e descida das marés. A truculência, a falta de cortesia, a ausência de reciprocidade, a grosseria e a violência não causam mais espanto. Ninguém se indigna mais. Vamos fingindo que está tudo bem até que ocorre algo com alguém próximo ou conosco.  Parece comportamento de boiada. 
Sabe o gnu ? Pois é. Quase todo dia ele são caçados por grandes predadores. Cada indivíduo tenta safar-se e viver mais um dia. Amanhã os predadores voltarão, mas os gnus serão incapazes de alterar seus  comportamentos e agirão da mesma forma. Os predadores idem. Assim somos  nós no convívio social. A diferença, a grande diferença, é que cada um de nós é as vezes o leão, e às vezes o gnu. Até quando ?