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domingo, 4 de outubro de 2015

O Heavy Metal nos anos 80 e 90

Entre os admiradores e fãs de rock, principalmente de rock pesado, o chamado heavy-metal e outras variantes do metal pesado, discute-se qual teria sido a década de ouro do estilo.
Alguns defendem os anos 80. O auge de bandas como Iron Maiden, Judas Priest e o início de carreira já em alta performance de outras como Metallica, Megadeth , Metal Church,  Anthrax e Slayer fez da década de 80 a preferida entre boa parte dos chamados headbangers. Não devemos esquecer que nesta mesma época grupos como Scorpions, Black Sabbath e Saxon lançavam  albúns antológicos como Heaven and Hell e Mob Rules, no caso do Black Sabbath; Animal Magnetism e Love at First Sting, ambos do Scorpions; e ,Wheels of SteelStrong Arm of the Law, Denim and Leather e Crusader, por parte do Saxon. 
Bons tempos sem dúvida!


Há outros que se inclinam pelos anos 90 como a época em que o heavy metal e seus subgêneros derivados teriam atingido o auge. Grupos como Pantera e Sepultura, mantiveram viva a tradição do Heavy Metal naqueles tempos. Foi, entretanto, também o período em que  outros grupos surgiram no mercado, trazendo novas melodias e incorporando contribuições de outros estilos musicais.

Foi igualmente a década em que o rock pesado situou-se massivamente nos Estados Unidos, com a maioria das bandas surgindo naquele país. Daí novas características foram moldando o estilo, tornando-o  bastante eclético em termos de influências musicais.
É bom que se diga que muitas das bandas surgidas nos anos 80 e final dos anos 70 continuavam na ativa nos anos 90, mas já também mesclavam novidades técnicas com outras contribuições em termos propriamente musicais. O grunge ou som de Seattle, só para citar um estilo,  entrou em cena a partir do final da década de 80, e novas bandas se formaram, sobretudo nos Estados Unidos. 


O assunto é pra lá de controverso e, é claro, envolve preferências pessoais e vivências diferenciadas. Pessoas mais velhas, hoje com 40 anos ou mais, apontam os anos 80 como o período de ápice dos rock pesado, pois foram adolescentes durante este período de tempo e, é claro isto os influenciou muito. Sabemos que é na adolescência que começamos a estruturar nossos gostos musicais de maneira autônoma frente aos mais velhos, e o heavy-metal, o hard-rock serviam bem a este propósito.


Já aqueles com 30, 35 anos, inclinam-se em boa parte pelos sons dos anos 90. Muito embora, mesmo entre estes, bandas clássicas dos anos 70 e 80 ainda façam sucesso e sejam mesmo merecedoras de preferência entre alguns. 


De minha parte, tenho motivos para acreditar que os anos 90 nunca se constituíram na época áurea do rock pesado. Vou dar duas justificativas para pensar desta maneira, muito embora possa acrescentar outras.



Em primeiro lugar, as bandas clássicas do Heavy Metal já se encontravam abaixo de suas melhores contribuições desde o final da década anterior. Para sermos mais exatos: bandas como Black Sabbath, Iron Maiden, Judas Priest, Saxon e Scorpions já se encontravam longe de suas melhores performances na segunda metade dos anos 80.

Depois de Defenders of the Faith (1984) o Judas Priest, por exemplo,  nunca mais emplacou um disco da qualidade daquele. Turbo, o álbum seguinte (1986), incorporou novas propostas melódicas que desagradaram ao tradicional público da banda. 

O Iron Maiden foi por caminho parecido ao utilizar guitarras sintetizadas em Somewhere in Time (1986). 

O Scorpions, por sua vez,  acabou de vez com sua participação no movimento do rock pesado após Love at First Sting (1984). Ainda que tenha lançado o álbum ao vivo World Wide Live com seus melhores sucessos da década de 70 e início da de 80, foi a última vez que gravaram algo realmente pesado e digno do hard rock que tão bem representavam. Dali pra frente tornaram-se uma banda de canções melosas e pouco convincentes. Na realidade, a banda desapareceu do cenário global do rock.

A questão foi que, após tornar-se um estilo mundialmente aceito no início dos anos 80, graças ao talento e esforço de bandas como as acima citadas, a opção que muitas delas fizeram pelo mercado estadunidense, cobrou-lhes um alto preço em termos de  adaptação à cultura e estilo de vida comercial daquele país.
Ganharam sem dúvidas muitos novos admiradores. Com certeza ganharam muito mais fãs do que perderam, mas a técnica apurada, a força e o peso do estilo teriam que ser sacrificados. E foram.

Não ocorreu compensação com o surgimento de novos grupos. O domínio da indústria fonográfica dos  EUA esmagou qualquer tentativa de retorno ao som dos anos 70 e  80. O máximo que ocorreu foram paródias de tentativas. Gun's and Roses se dizia o novo Led Zeppelin. Para nós, fãs da banda inglesa, sabemos a distância que há entre uma e outra, não é mesmo ?

Em segundo lugar, mesmo bandas estadunidenses de peso e talento como Metallica e Megadeth, embora com início espetacular ao lançarem albúns como Kill 'em All, Ride the Lightning e Master of the Muppets (Metallica) e Peace Sells e So far, So good,... So what ! e Countdown to Extinction (Megadeth), tiveram tantos problemas em suas formações, que ambas tinham deixado para trás suas melhores contribuições para o heavy metal já no início dos anos 90. 

Para resumir, acredito que se fosse para escolher entre o período mais criativo e interessante do heavy-metal e rock pesado eu escolheria sem dúvida os anos 70 até meados da década seguinte e descartaria o período  que inicia ao final dos 80 e segue  até os dias atuais. Ou seja, enquanto o rock pesado, e o heavy-metal que lhe seguiu, estavam enraizados  na Europa, e suas banda se preocupavam  em realizar um som novo, tecnicamente apurado e pesado, colocando a questão comercial em segundo plano, o heavy-metal e o hard-rock tinham claro propósito de formar e recrutar pessoas em torno de uma proposta que mesclava som pesado e  belas melodias. 

Com a opção da maioria das bandas pelo mercado estadunidense, apartir de meados da década de 80, o estilo decaiu muito.  Embora, como já escrevi, algumas excelentes bandas tenham se formado mesmo nos Estados Unidos neste período, todas, porém, foram de uma forma ou outra capturadas pela lógica comercial daquele país, e logo seus trabalhos tornaram-se medianos ou mesmo bem abaixo das primeiras contribuições.

A seguir, faço uma lista de álbuns que considero primordiais para se entender o gênero do rock pesado e seu desagüar  no heavy-metal entre meados e fim da década de 70. A lista de forma alguma pretende ser classificatória e, muito menos, exaustiva. É apenas uma enumeração pessoal de álbuns que consideros relevantes (muito relevantes).


Led Zeppelin III (Led Zeppelin, 1970) - A maioria dos fãs de Led Zeppelin cita de pronto o Led Zeppelin IV como  o melhor álbum da banda. Ok, é ótimo mesmo, mas o trabalho acústico feito no III me conquistou. Immigrant Song e Celebration Day são ímpares. 






Night of the Demon  (Demon, 1981) - Fica até difícil escolher uma faixa aqui. Deixe-me ver..., Night of the Demon e Into the Nightmare, pronto! Mas são todas absolutamente fantásticas em termos de arranjos de guitarra. O vocal de Dave Hill preenche o ambiente e você mergulha em uma atmosfera de puro rock pesado e melódico. 





Machine Head (Deep Purple, 1972) - Smoke on the Water,  Space Truckin e Pictures of Home em um mesmo trabalho. Que mais precisa para ser escolhido ?









Iron Maiden (Iron Maiden, 1980) - Este álbum marcou o início da meteórica carreira da banda. A escolha da primeira faixa  com Prowler não poderia ter sido mais feliz. Os riffs das guitarras prendem sua atenção de imediato. 
Dizer o que de uma banda que contava em seu início com um baterista chamado Clive Burr e ainda tinha  Dennis Stratton na guitarra solo ? Isto sem falar de Steve Harris no baixo, né ?  





Lovedrive (Scorpions, 1979) Um dos melhores trabalhos da banda. Another piece of Meat e Coast to Coast (intrumental) fazem este álbum valer a pena ser ouvido. 









The Dark (Metal Church, 1986) - É só ouvir logo de início a introdução de Ton of Bricks  para saber porque este trabalho faz parte de minha lista. Watch the Children Pray é antológica! 








Killers (Iron Maiden, 1981) - Sem receio de repetir bandas quando seu trabalho é um divisor de águas. Depois de Killers, o Heavy Metal ganhou uma dimensão nunca antes experimentada. O estilo começou a sair de seus guetos e ganhar mais e mais admiradores. Se você ainda não conhece killers, saiba que ainda tens algo relevante para fazer nesta vida: conhecer este petardo!








Defenders of the Faith (Judas Priest, 1984) - O melhor trabalho da banda. Todo ele é bom, mas se é necessário destacar alguma(s) música(s) eu escolheria, Freewheel Burning, The Sentinel e Heavy Duty








Mob Rules (Black Sabbath, 1981) - Por que ? Turn up the Night, Voodoo,  The Sign of the Southern Cross,  e Falling off the Edge of the World respondem sua pergunta. 









In Trance (Scorpions, 1975) - "I wake up in the morning and the sun begins to shine,..." (faixa título) inesquecível. Além disso, Dark Lady e Robot Man. Esse disco pertence ao tempo em que o Scorpions fazia hard-rock melodioso, porém de peso. Muitos riffs de guitarra e bateria a contento. 









Led Zeppelin IV (Led Zeppelin, 1971) - É claro que ele estaria aqui! Como deixar Black Dog, Rock and Roll, Going to California e When the Levee Breaks fora ? Sem chances, né? Ainda mais que tem Stairway to Heaven








Show no Mercy (Slayer,  1983) - Álbum de estreia, em grande estilo,  da banda estadunidense. Sem exageros, sua obra-prima. Evil has no Boundaries, Black Magic, Tormentor, Crionics, Die by the Sword,... todas, enfim!








The Number of The Beast (Iron Maiden, 1982) - Maiden de novo ? Sim, qual o problema ? Não citar este álbum seria um lacuna imperdoável. Já ouviu The Prisioner ? Run to the Hills ? The Number of the Beast ? Hallowed be Thy Name ? Não ? Então vá ouvir! 







Live Evil (Black Sabbath, 1982) - O melhor álbum de apresentação ao vivo de heavy-metal que conheço. Apesar das polêmicas que cercam o Live Evil, é sempre um prazer ouví-lo. Só o melhor do Black Sabbath







Violence and Force (Exciter, 1984) - Segundo trabalho da banda canadense. Oblivion, Violence and Force, Pounding Metal e War is Hell são os carros-chefes deste álbum. 








Back in Black (AC/DC, 1980) - Back in Black, Rock and Roll Ain't Noise Pollution e Hells Bells são os destaques desta coletânea. 







Unleashed in the East (Judas Priest, 1979) - Tudo, mas principalmente The Green Manalishi e Diamonds and Rust. Um álbum que não cansa ao fã de solos e riffs de guitarras, que abundam em todas as canções.   








Master of Puppets (Metallica, 1986) - Um álbum que tem Master of the Muppets e Orion não pode ficar fora de nenhuma lista de melhores e mais significativos trabalhos de Heavy Metal e Rock Pesado. Não fosse o suficiente, Battery faz parte da coletânea. 






Powersalve (Iron Maiden , 1984) -  Poweslave aparece em dez de dez listas de seguidores de heavy-metal. Eu não seria exceção. O motivo é óbvio: letras bem elaboradas, muitos solos e riffs de guitarra, bateria forte, pesada e precisa e, mais uma vez, Steve Harris, sempre escolhido como o melhor baixista do gênero. Sem falar do desempenho fenomenal do vocalista, Bruce Dickinson. Destacar faixas aqui é trabalho difícil. Fico com Two Minutes to Midnight, Powerslave e Rime of the Ancient Mariner

Peace Sells,...but who's Buying ? (Megadeth, 1986) - Tenho um gosto especial por este disco. Não somente é meu preferido do Megadeth, como ainda possui a música que mais gosto da banda, My Last Words. Quando o comprei eu o escutava sem parar. Meu pai que o diga!  Gar Samuelson arrasa na bateria. Por fim,  o sempre  bom e preciso baixo de David Ellefson acompanhando tudo. 
Bem, além da faixa que citei, Peace Sells e Devils Island são destaques. 



Strong Arm of The Law (Saxon, 1980) - álbum que continha a formação clássica da banda . Heavy Metal Thunder e To Hell and Back Again são músicas sempre lembradas pelos fãs do quinteto inglês. 








At War With Satan (Venom, 1983) - Marcou época com certeza. A faixa título faz este álbum merecer entrar na lista. Você pode odiar ou amar, mas não ficará indiferente ao ouví-la. 



Screaming for Vengeance (Judas Priest, 1982) - The Hellion, Electric Eye, Riding on the Wind e You've got Another Thing Comin, fazem esta coletânea merecer destaque. Depois de Defenders of the Faith, o melhor álbum da banda.







Blackout (Scorpions, 1982) - Blackout, Can't Live Without You, Now,  Dinamite e  When the Smoke is Going Down, destacam-se, mas tudo é bom neste disco. O melhor do Scorpions que deixou saudade!








Paranoid (Black Sabbath, 1970) - Bem, tem Paranoid, War Pigs,  Electric Funeral e Iron Man, como poderia ficar de fora ? Apesar de particularmente preferir todas elas com Dio no vocal, este álbum merece destaque. 







Houses of the Holy (Led Zeppelin, 1973) - The Song Remains the Same, Over the Hills and Far Away e The Ocean são minhas preferidas, mas são todas boas composições. Como eu gostava de ouvir este disco quando tinha às tardes livres. 








Taken by Force (Scorpions, 1977) - Steamrock Fever, We'll Burn the Sky, The Riot of Your Time e The Sails of Charon colocam este álbum entre os melhores do Hard-Rock. Indicado para quem gosta de  belas melodias recheadas de muitos solos de guitarra.  







Heaven and Hell (Black Sabbath, 1980) -  Lembro-me que quando o adquiri este álbum eu corri para casa para ouví-lo. Neon Knights, Children of the Sea e a faixa título são os destaques de uma coletânea que dá prazer ouvir na voz potente de Dio. 







Devim and Leather (Saxon, 1981) - Último dos álbuns clássicos da banda. And the Bands Played On e Princess of the Night viraram hits famosos entre os fãs do Heavy Metal. Foram discos assim que fizeram e farão o Saxon sempre ser lembrado como um dos grupos originários do New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM). 







Rising (Rainbow, 1976) - A faixa que tornou este álbum absolutamente inesquecível é Stargazer, mas todo o álbum é uma delícia de ser ouvido. Cozy Powell na bateria, Ritchie Blackmore nos solos e Dio no vocal.