Benvindos!

A idéia de criar este espaço surgiu aos poucos. Nasceu da necessidade de expandir o grupo de pessoas com as quais me correspondo ou com as quais converso sobre temas de interesse em comum. Desejo que seja um lugar de troca de idéias e informações, mas , sobretudo, de boa conversa, democrática e sem preconceitos. Mais uma vez, benvindos.



segunda-feira, 27 de junho de 2016

Meu querido Bonner.



Não bastasse a perda da Brisa, agora foi Bonner que nos deixou.

Como eu gostava daquele cão! 

Ele teve provavelmente uma vida difícil na rua. 
Quando meu irmão o retirou dela, ele estava muito magro e cheio de bicheiras. Creio que não viveria mais de uma semana naquelas condições.

Após cinco meses em uma veterinária de confiança, conseguimos recuperá-lo por completo. Foi longo e demorado o tratamento, mas valeu a pena. 
Ele viveu conosco dezenove meses com muito conforto e amor. 

Era muito querido, apesar de ser rabugento com os demais cachorros (nunca os queria muito próximos a si. Provavelmente teve má experiência com outros cães na rua).  Com as pessoas que conhecia, entretanto, era sempre muito carinhoso. Gostava de deitar a cabeça em nosso colo e oferecer sua barriga e pescoço para carinho. Adorava tomar sol enquanto se espreguiçava na grama ou em cima de um cobertor. 




Infelizmente, a detecção do linfoma, há poucos dias, foi tardia. 
Viveu ainda treze dias em nosso meio, mas hoje ele partiu. Sem dúvida sua  idade deve ter contribuido para que a doença avançasse rapidamente. 

Sentiu dores apenas ontem e hoje à tarde. Contudo, já era claro que a quimioterapia não serviria mais para mantêm-lo com vida e em bem-estar. Tivemos que realizar a eutanásia no início da noite. Em poucos minutos ele partiu. Não sofreu muito, nem desnecessariamente. 

Ficou muita saudade e uma vontade de revê-lo mais uma vez em nossos pequenos passeios até o final da rua, que ele fazia sem coleira nem guia ao meu lado. Esses singelos momentos eram de muita alegria para ele. Agora vejo que eram também para mim!

                                                    Bonner (??/??/???? - 27/06/2016)


quarta-feira, 22 de junho de 2016

Não é misantropia. É vontade de estar só!

Em alguns momentos chego a acreditar ter me tornado um misantropo. Nada grave. Como sabemos misantropos não são psicopatas ou indivíduos com comportamento aberrante. Nada disso. Apenas preferem manter-se à margem de discussões e do contato social com a maioria das pessoas.

Na maior parte das vezes, entretanto, me imagino apenas como alguém que  prefere não estabelecer contatos superficiais, interesseiros e sem empatia. Talvez uma pessoa muito, muito seletiva no uso de seu tempo e de suas companhias. Não porque se imagine melhor que os demais, mas apenas porque, aqueles assuntos comumente debatidos pela maioria das pessoas (novela, futebol, carro, vida de alguém famoso ou uma narrativa de cunho egocêntrico), e que formam o caldo comum das conversas, não me interessam de forma alguma. 
Tudo bem, às vezes converso um pouco sobre futebol. Faço-o, porém, sem inspiração. 

Sou daqueles que nunca se chateiam  quando tem um encontro desmarcado, pois vejo ali a oportunidade de ficar mais tempo comigo mesmo. 
Sinto-me bem com o que tenho e com o que sou na maioria das situações. 

Aprecio ficar em casa. Se pudesse, ficaria dias sem sair de lá. Gosto muito de preparar um café com bolo para mim. Ajeitar a mesa e tomar o café lentamente. É claro que, se tiver um boa companhia nesta hora, a coisa ficaria ainda melhor. Ou ainda escolher um entre os trinta ou quarenta livros que estão na fila aguardando leitura. Daí, me acomodar na cadeira de balanço ou na poltrona e começar a leitura. Me levantar de vez em quando e ir até o quintal brincar com os cachorros. Voltar para o livro depois. 
Se é sábado à noite, peço uma pizza para meu deleite. Por fim, se for o caso, assisto um filme ou documentário na televisão ou, mais provável, em meu computador. 
Em casa posso fazer tudo isso sem ter que me envolver com o tumulto e o stress da cidade.  Tão  bom quanto isso, não custa quase nada em termos financeiros. 

Sozinho me sinto inteiro, sem ser pleno. Não há vazio. Quando, volta e meia,  sinto necessidade de conversar com alguém, envio um Whatsapp ou telefono para alguma das não mais do que sete pessoas, creio eu,  que fazem parte do meu mundo. Com elas converso demoradamente. Falo e ouço muito. Troco impressões. Tanto sugiro quanto sou aconselhado. Com a maioria delas ainda tenho a oportunidade de sair para almoçar ou tomar um café de vez em quando. É ótimo! 

Entretanto, o que me tira o equilíbrio e a seriedade são o palavrório, o egocentrismo e a jactância. Aborreço-me muito quando, alguém me toma como refém de suas necessidades de contar vantagem ou puxar conversa sem sentido. Você sabe, aquele instante em que alguém, sem a mínima noção, entra em seu espaço (ultrapassa a linha amarela) para dizer ou interpretar coisas que só lhe dizem respeito, são sem importância ou mesmo de mau-gosto. Céus, como tem gente assim no mundo!

Sei que no cotidiano muitas pessoas logo percebem que eu prefiro estar só, e me têm como metido ou auto-suficiente. Auto-suficiente ? jamais! Aprecio quem traz boa conversa e novas maneiras de ver e interpretar o mundo. Gosto de pessoas que sabem falar tanto quanto sabem ouvir. E com elas gosto de dividir meu tempo ao invés de estar só. Entretanto, me parece (posso estar errado nesta impressão) que a imensa maioria das pessoas possuem uma necessidade de estabelecer contato que eu não tenho. Ao tentarem se aproximar de alguma forma, tiram a conclusão de que sou metido.  Fazer o que ? Gosto de ficar só na maior parte do tempo. 

Há poucos dias tive uma excelente conversar com um senhor em um banco de praça. Ele cantarolava uma música que era a chamada de uma das rádios que escuto. Perguntei se ele ouvia a tal rádio, ele confirmou e conversamos mais de uma hora sobre programas de rádio e músicas. Foi um período da tarde agradável. 

Não, não sou misantropo. Só não gosto de conversa fiada.







terça-feira, 14 de junho de 2016

Brisa (?/05/2005 - 14/06/2016)

Era sem dúvida a mais brincalhona entre todos os cachorros que tínhamos. Sempre que nos distraíamos,  sorrateiramente se apoderava de algum objeto que carregávamos, geralmente nossos chinelos, e saía correndo com eles entre os dentes. Erguia a cabeça como em sinal de triunfo e desafio para nos mostrar que estava de posse de algo nosso. Era rápida. Ninguém conseguia pegá-la a menos que fôssemos em  dois e a cercássemos. 
Incontáveis vezes jardineiros tinham seus instrumentos de trabalho silenciosamente subtraídos, e quando o desatento sujeito se dava conta, lá estava ela com o rabo abanando e a cabeça erguida,  convidando-o a tentar a sorte. 

Entretanto, hoje à noite, Brisa nos deixou. Ela se foi há pouco, e já estamos imersos em enorme saudade. 

Espero que ela se encontre agora em local ainda melhor do que este onde estamos, e que saiba de alguma forma que é muito querida.  Neste lugar, desejo que os jardins sejam imensos, sempre verdes, que não lhe falte espaço para correr e objetos para se divertir.  Um dia destes, gostaria  de revê-la por lá. 

Até mai ver!