Benvindos!

A idéia de criar este espaço surgiu aos poucos. Nasceu da necessidade de expandir o grupo de pessoas com as quais me correspondo ou com as quais converso sobre temas de interesse em comum. Desejo que seja um lugar de troca de idéias e informações, mas , sobretudo, de boa conversa, democrática e sem preconceitos. Mais uma vez, benvindos.



domingo, 29 de novembro de 2015

Os Filhos da Rua Arbat

Terminei de ler Os Filhos da Rua Arbat de Anatoli Ribakov. Lembro-me que tomei conhecimento da obra por volta do início dos anos 90. Fiquei interessado na leitura do livro. Muito interessado. Acontece, porém, que você se envolve com as leituras da faculdade. Aí já viu, né ? Começa a ver duzentas mil coisas interessantes  de se ler e conhecer ao mesmo tempo e, sem perceber,  vai deixando  de lado umas tantas outras leituras. 

Pois foi o que aconteceu com Os Filhos da Rua Arbat em relação a mim.  Acabei lendo o livro por meio de um amigo que o emprestou para mim. 

Salvo melhor juízo, a primeira edição da obra aqui no Brasil é de 1987. Seu lançamento entre nós é, portanto, contemporâneo a política de abertura na União Soviética iniciada por Gorbachev. 

A história gira em torno de rapazes e moças que moram na Rua Arbat ou em suas imediações. Destacam-se os personagens Sacha Pankratov, Vária, Iura Charok, além do próprio Stalin.
O último, apesar de não-ficcional, é profundamente retratado pelo autor por meio de longos solilóquios sobre assuntos políticos e por intermédio de conversas com outros personagens reais ou fictícios.



Sacha é um rapaz idealista e muito confiante em si mesmo. Membro do Komsomol, ou juventude comunista, ele é uma pessoa devotada ao sistema soviético e à Stalin como líder da URSS. 
Nada disso impedirá, contudo, que ele seja punido pelo sistema que acredita. A partir de um comentário banal de um conhecido seu no Instituto Técnico de Moscou onde estuda, Sacha começa a  trilhar o caminho que leva da desconfiança ao exílio na Sibéria. 
Rybakov faz a narrativa da vida de Sacha como exemplo claro de como um regime totalitário esmaga a individualidade e as expectativas de uma pessoa. 
Sacha ouve um comentário irônico de um membro do instituto a respeito de Stalin, mas decide não lhe dar atenção. Ele chega mesmo a esquecer o incidente por reputá-lo sem importância. Este comportamento é, aos olhos das autoridades que irão perseguí-lo e encarcerá-lo, uma clara demonstração de deslealdade com o regime. 
Sacha é preso sem suspeitar o porquê. Na prisão, frente ao seu interrogador, um jovem como ele, surge  uma das inequívocas características dos sistemas totalitários: a impotência do indivíduo frente ao poder do Estado. Sacha não sabe porque está ali. Ele não sabe do que o acusam.  O interrogador, entretanto, tem o dever de extrair-lhe uma confissão e age de maneira a inculcar no prisioneiro a dúvida da culpa. 
Sacha volta para cela atormentado pelo pensamento de que pôde, sem perceber, ter agido contra o regime que acredita. Passa noites em claro refazendo diálogos, procurando o momento em que agiu de maneira desleal. Um tormento psicológico, sem dúvida. 

Outra característica patente do sistemas totalitários que surge na narrativa é a sua desumanização. Aquilo que sentimos muitas vezes no mundo corporativo. Todos, desde os policiais que vão à casa de Sacha prendê-lo, passando pelo interrogador e chegando àqueles que devem recebe-lo no exílio, todos sem exceção aparecem como meras engrenagens de uma máquina que opera por um controle que eles não podem ver, mas que temem. Não agem tanto por apego a valores ou ao teor ideológico do poder que representam, mas por medo de falharem e serem também acusados de  traidores. 

Iura Charok, é em todos os sentidos a antítese de Sacha. Eles se conhecem desde pequenos. Mas enquanto Sacha vem de setores proletários da sociedade russa, Charok vem da pequena burguesia . Sacha crê no sistema soviético. Charok não acredita em nada, salvo em sempre aproveitar  as chances de maneira favorável para si. Ele procura esconder sua origem social, demonstra distanciamento e pouco apego em relação ao irmão mais velho e se utiliza de Lena, uma garota por ele apaixonada, para expandir seus contatos sociais em proveito próprio. 

Dadas as manifestas peculiaridades de um sistema arquitetado sobre delações e idiossincrasias, Charok tem amplas vantagens sobre Sacha. Aquele não tem as barreiras de caráter que este  possui. Logo, pode dar vazão a qualquer métodos que achar necessário para adquirir poder e status.
Nada  diferente da vida dentro de uma corporação nos dias de hoje, onde agradar os dirigentes e dizer só o que lhes interessa  se tornou meio de ascenção profissional. 

Bem, voltando ao livro, temos Vária, uma garota comum como tantas outras.  Ela é, ao mesmo tempo, alienada do contexto político de sua época e uma pessoa sensível aos problemas que sucedem aos outros. Ao longo da narrativa ela vai se tornando uma mulher madura. Passa por momentos e relações complicadas, mas ao fim (re)descobre que sempre foi apaixonada por Sacha. Foi a única dos membros da turma da Arbat que não o abandonou  por completo depois que ele partiu para o exílio. Ela também não  procurou julgá-lo ou entender o motivo de sua prisão, mas apenas apoiá-lo. Ficou ao lado da mãe do rapaz quando todos os demais já haviam se distânciado por conta dos afazeres da vida. 

Stalin é retratado como um sujeito imbuído tanto de um projeto pessoal de poder, que ele procura justificar com a defesa da linha leninista do partido comunista, quanto como uma pessoa com sérios problemas de autoestima.  Stalin é  um indivíduo que desconfia de todos e torna a mais leve contrariedade como afronta pessoal. No livro ele aparece como uma pessoa ressentida contra os intelectuais do partido comunista. Ele obra dia e noite para eliminá-los, taxando-os de inúteis ou contra-revolucionários. 
Ao mesmo tempo, ele deseja eliminar todos os seus velhos companheiros de partido que o conheceram à época em que era apenas mais um militante do partido bolchevista. Stalin deseja substituí-los por membros mais novos, alçados ao poder por ele. Ele busca justificar este ponto de vista com a necessidade de trazer gente de  fôlego e ânimo novo para as tarefas de edificação do primeiro Estado Socialista do mundo. Ele sabe, entretanto, que o que ele profundamente deseja é o poder absoluto, estruturado  sobre novos quadros dirigente, com pessoas gratas pessoalmente a ele. 
Falta-lhe, contudo, uma justificativa para lançar a campanha de perseguição aos antigos quadros do partido. Stalin precisa de um motivo. Ele vai aos poucos construindo um. Ele vai se antagonizando intencionalmente contra um velho amigo de partido,  Serguei Kirov, que é um político muito popular. Apesar de Kirov ser um partidário seu, Stalin irá usar a morte dele como fundamento para atacar seus adversários. O livro apresenta o processo de antagonização de ambos, e como Stalin decide pela morte do antigo companheiro de forma a lhe dar os motivos necessários para culpar seus inimigos. O livro encerra com a notícia da morte de Kirov.  Historicamente aquele momento foi o início da fase do Grande Expurgo lançado pelo Kremlin. Iniciado em final de 1934, o Grande Expurgo  irá se prolongar até às vésperas do início da Segunda Guerra Mundial na Europa, e vitimou milhares, senão milhões de pessoas. 

O livro é recomendadíssimo para aqueles que desejam entender melhor uma período importante do século passado em termos de conseqüências de longo alcance. Ainda que possamos fazer uma crítica aqui outra ali pela forma como Kirov, em particular, é retratado na obra, a leitura é prazeirosa e prolífica.











domingo, 4 de outubro de 2015

O Heavy Metal nos anos 80 e 90

Entre os admiradores e fãs de rock, principalmente de rock pesado, o chamado heavy-metal e outras variantes do metal pesado, discute-se qual teria sido a década de ouro do estilo.
Alguns defendem os anos 80. O auge de bandas como Iron Maiden, Judas Priest e o início de carreira já em alta performance de outras como Metallica, Megadeth , Metal Church,  Anthrax e Slayer fez da década de 80 a preferida entre boa parte dos chamados headbangers. Não devemos esquecer que nesta mesma época grupos como Scorpions, Black Sabbath e Saxon lançavam  albúns antológicos como Heaven and Hell e Mob Rules, no caso do Black Sabbath; Animal Magnetism e Love at First Sting, ambos do Scorpions; e ,Wheels of SteelStrong Arm of the Law, Denim and Leather e Crusader, por parte do Saxon. 
Bons tempos sem dúvida!


Há outros que se inclinam pelos anos 90 como a época em que o heavy metal e seus subgêneros derivados teriam atingido o auge. Grupos como Pantera e Sepultura, mantiveram viva a tradição do Heavy Metal naqueles tempos. Foi, entretanto, também o período em que  outros grupos surgiram no mercado, trazendo novas melodias e incorporando contribuições de outros estilos musicais.

Foi igualmente a década em que o rock pesado situou-se massivamente nos Estados Unidos, com a maioria das bandas surgindo naquele país. Daí novas características foram moldando o estilo, tornando-o  bastante eclético em termos de influências musicais.
É bom que se diga que muitas das bandas surgidas nos anos 80 e final dos anos 70 continuavam na ativa nos anos 90, mas já também mesclavam novidades técnicas com outras contribuições em termos propriamente musicais. O grunge ou som de Seattle, só para citar um estilo,  entrou em cena a partir do final da década de 80, e novas bandas se formaram, sobretudo nos Estados Unidos. 


O assunto é pra lá de controverso e, é claro, envolve preferências pessoais e vivências diferenciadas. Pessoas mais velhas, hoje com 40 anos ou mais, apontam os anos 80 como o período de ápice dos rock pesado, pois foram adolescentes durante este período de tempo e, é claro isto os influenciou muito. Sabemos que é na adolescência que começamos a estruturar nossos gostos musicais de maneira autônoma frente aos mais velhos, e o heavy-metal, o hard-rock serviam bem a este propósito.


Já aqueles com 30, 35 anos, inclinam-se em boa parte pelos sons dos anos 90. Muito embora, mesmo entre estes, bandas clássicas dos anos 70 e 80 ainda façam sucesso e sejam mesmo merecedoras de preferência entre alguns. 


De minha parte, tenho motivos para acreditar que os anos 90 nunca se constituíram na época áurea do rock pesado. Vou dar duas justificativas para pensar desta maneira, muito embora possa acrescentar outras.



Em primeiro lugar, as bandas clássicas do Heavy Metal já se encontravam abaixo de suas melhores contribuições desde o final da década anterior. Para sermos mais exatos: bandas como Black Sabbath, Iron Maiden, Judas Priest, Saxon e Scorpions já se encontravam longe de suas melhores performances na segunda metade dos anos 80.

Depois de Defenders of the Faith (1984) o Judas Priest, por exemplo,  nunca mais emplacou um disco da qualidade daquele. Turbo, o álbum seguinte (1986), incorporou novas propostas melódicas que desagradaram ao tradicional público da banda. 

O Iron Maiden foi por caminho parecido ao utilizar guitarras sintetizadas em Somewhere in Time (1986). 

O Scorpions, por sua vez,  acabou de vez com sua participação no movimento do rock pesado após Love at First Sting (1984). Ainda que tenha lançado o álbum ao vivo World Wide Live com seus melhores sucessos da década de 70 e início da de 80, foi a última vez que gravaram algo realmente pesado e digno do hard rock que tão bem representavam. Dali pra frente tornaram-se uma banda de canções melosas e pouco convincentes. Na realidade, a banda desapareceu do cenário global do rock.

A questão foi que, após tornar-se um estilo mundialmente aceito no início dos anos 80, graças ao talento e esforço de bandas como as acima citadas, a opção que muitas delas fizeram pelo mercado estadunidense, cobrou-lhes um alto preço em termos de  adaptação à cultura e estilo de vida comercial daquele país.
Ganharam sem dúvidas muitos novos admiradores. Com certeza ganharam muito mais fãs do que perderam, mas a técnica apurada, a força e o peso do estilo teriam que ser sacrificados. E foram.

Não ocorreu compensação com o surgimento de novos grupos. O domínio da indústria fonográfica dos  EUA esmagou qualquer tentativa de retorno ao som dos anos 70 e  80. O máximo que ocorreu foram paródias de tentativas. Gun's and Roses se dizia o novo Led Zeppelin. Para nós, fãs da banda inglesa, sabemos a distância que há entre uma e outra, não é mesmo ?

Em segundo lugar, mesmo bandas estadunidenses de peso e talento como Metallica e Megadeth, embora com início espetacular ao lançarem albúns como Kill 'em All, Ride the Lightning e Master of the Muppets (Metallica) e Peace Sells e So far, So good,... So what ! e Countdown to Extinction (Megadeth), tiveram tantos problemas em suas formações, que ambas tinham deixado para trás suas melhores contribuições para o heavy metal já no início dos anos 90. 

Para resumir, acredito que se fosse para escolher entre o período mais criativo e interessante do heavy-metal e rock pesado eu escolheria sem dúvida os anos 70 até meados da década seguinte e descartaria o período  que inicia ao final dos 80 e segue  até os dias atuais. Ou seja, enquanto o rock pesado, e o heavy-metal que lhe seguiu, estavam enraizados  na Europa, e suas banda se preocupavam  em realizar um som novo, tecnicamente apurado e pesado, colocando a questão comercial em segundo plano, o heavy-metal e o hard-rock tinham claro propósito de formar e recrutar pessoas em torno de uma proposta que mesclava som pesado e  belas melodias. 

Com a opção da maioria das bandas pelo mercado estadunidense, apartir de meados da década de 80, o estilo decaiu muito.  Embora, como já escrevi, algumas excelentes bandas tenham se formado mesmo nos Estados Unidos neste período, todas, porém, foram de uma forma ou outra capturadas pela lógica comercial daquele país, e logo seus trabalhos tornaram-se medianos ou mesmo bem abaixo das primeiras contribuições.

A seguir, faço uma lista de álbuns que considero primordiais para se entender o gênero do rock pesado e seu desagüar  no heavy-metal entre meados e fim da década de 70. A lista de forma alguma pretende ser classificatória e, muito menos, exaustiva. É apenas uma enumeração pessoal de álbuns que consideros relevantes (muito relevantes).


Led Zeppelin III (Led Zeppelin, 1970) - A maioria dos fãs de Led Zeppelin cita de pronto o Led Zeppelin IV como  o melhor álbum da banda. Ok, é ótimo mesmo, mas o trabalho acústico feito no III me conquistou. Immigrant Song e Celebration Day são ímpares. 






Night of the Demon  (Demon, 1981) - Fica até difícil escolher uma faixa aqui. Deixe-me ver..., Night of the Demon e Into the Nightmare, pronto! Mas são todas absolutamente fantásticas em termos de arranjos de guitarra. O vocal de Dave Hill preenche o ambiente e você mergulha em uma atmosfera de puro rock pesado e melódico. 





Machine Head (Deep Purple, 1972) - Smoke on the Water,  Space Truckin e Pictures of Home em um mesmo trabalho. Que mais precisa para ser escolhido ?









Iron Maiden (Iron Maiden, 1980) - Este álbum marcou o início da meteórica carreira da banda. A escolha da primeira faixa  com Prowler não poderia ter sido mais feliz. Os riffs das guitarras prendem sua atenção de imediato. 
Dizer o que de uma banda que contava em seu início com um baterista chamado Clive Burr e ainda tinha  Dennis Stratton na guitarra solo ? Isto sem falar de Steve Harris no baixo, né ?  





Lovedrive (Scorpions, 1979) Um dos melhores trabalhos da banda. Another piece of Meat e Coast to Coast (intrumental) fazem este álbum valer a pena ser ouvido. 









The Dark (Metal Church, 1986) - É só ouvir logo de início a introdução de Ton of Bricks  para saber porque este trabalho faz parte de minha lista. Watch the Children Pray é antológica! 








Killers (Iron Maiden, 1981) - Sem receio de repetir bandas quando seu trabalho é um divisor de águas. Depois de Killers, o Heavy Metal ganhou uma dimensão nunca antes experimentada. O estilo começou a sair de seus guetos e ganhar mais e mais admiradores. Se você ainda não conhece killers, saiba que ainda tens algo relevante para fazer nesta vida: conhecer este petardo!








Defenders of the Faith (Judas Priest, 1984) - O melhor trabalho da banda. Todo ele é bom, mas se é necessário destacar alguma(s) música(s) eu escolheria, Freewheel Burning, The Sentinel e Heavy Duty








Mob Rules (Black Sabbath, 1981) - Por que ? Turn up the Night, Voodoo,  The Sign of the Southern Cross,  e Falling off the Edge of the World respondem sua pergunta. 









In Trance (Scorpions, 1975) - "I wake up in the morning and the sun begins to shine,..." (faixa título) inesquecível. Além disso, Dark Lady e Robot Man. Esse disco pertence ao tempo em que o Scorpions fazia hard-rock melodioso, porém de peso. Muitos riffs de guitarra e bateria a contento. 









Led Zeppelin IV (Led Zeppelin, 1971) - É claro que ele estaria aqui! Como deixar Black Dog, Rock and Roll, Going to California e When the Levee Breaks fora ? Sem chances, né? Ainda mais que tem Stairway to Heaven








Show no Mercy (Slayer,  1983) - Álbum de estreia, em grande estilo,  da banda estadunidense. Sem exageros, sua obra-prima. Evil has no Boundaries, Black Magic, Tormentor, Crionics, Die by the Sword,... todas, enfim!








The Number of The Beast (Iron Maiden, 1982) - Maiden de novo ? Sim, qual o problema ? Não citar este álbum seria um lacuna imperdoável. Já ouviu The Prisioner ? Run to the Hills ? The Number of the Beast ? Hallowed be Thy Name ? Não ? Então vá ouvir! 







Live Evil (Black Sabbath, 1982) - O melhor álbum de apresentação ao vivo de heavy-metal que conheço. Apesar das polêmicas que cercam o Live Evil, é sempre um prazer ouví-lo. Só o melhor do Black Sabbath







Violence and Force (Exciter, 1984) - Segundo trabalho da banda canadense. Oblivion, Violence and Force, Pounding Metal e War is Hell são os carros-chefes deste álbum. 








Back in Black (AC/DC, 1980) - Back in Black, Rock and Roll Ain't Noise Pollution e Hells Bells são os destaques desta coletânea. 







Unleashed in the East (Judas Priest, 1979) - Tudo, mas principalmente The Green Manalishi e Diamonds and Rust. Um álbum que não cansa ao fã de solos e riffs de guitarras, que abundam em todas as canções.   








Master of Puppets (Metallica, 1986) - Um álbum que tem Master of the Muppets e Orion não pode ficar fora de nenhuma lista de melhores e mais significativos trabalhos de Heavy Metal e Rock Pesado. Não fosse o suficiente, Battery faz parte da coletânea. 






Powersalve (Iron Maiden , 1984) -  Poweslave aparece em dez de dez listas de seguidores de heavy-metal. Eu não seria exceção. O motivo é óbvio: letras bem elaboradas, muitos solos e riffs de guitarra, bateria forte, pesada e precisa e, mais uma vez, Steve Harris, sempre escolhido como o melhor baixista do gênero. Sem falar do desempenho fenomenal do vocalista, Bruce Dickinson. Destacar faixas aqui é trabalho difícil. Fico com Two Minutes to Midnight, Powerslave e Rime of the Ancient Mariner

Peace Sells,...but who's Buying ? (Megadeth, 1986) - Tenho um gosto especial por este disco. Não somente é meu preferido do Megadeth, como ainda possui a música que mais gosto da banda, My Last Words. Quando o comprei eu o escutava sem parar. Meu pai que o diga!  Gar Samuelson arrasa na bateria. Por fim,  o sempre  bom e preciso baixo de David Ellefson acompanhando tudo. 
Bem, além da faixa que citei, Peace Sells e Devils Island são destaques. 



Strong Arm of The Law (Saxon, 1980) - álbum que continha a formação clássica da banda . Heavy Metal Thunder e To Hell and Back Again são músicas sempre lembradas pelos fãs do quinteto inglês. 








At War With Satan (Venom, 1983) - Marcou época com certeza. A faixa título faz este álbum merecer entrar na lista. Você pode odiar ou amar, mas não ficará indiferente ao ouví-la. 



Screaming for Vengeance (Judas Priest, 1982) - The Hellion, Electric Eye, Riding on the Wind e You've got Another Thing Comin, fazem esta coletânea merecer destaque. Depois de Defenders of the Faith, o melhor álbum da banda.







Blackout (Scorpions, 1982) - Blackout, Can't Live Without You, Now,  Dinamite e  When the Smoke is Going Down, destacam-se, mas tudo é bom neste disco. O melhor do Scorpions que deixou saudade!








Paranoid (Black Sabbath, 1970) - Bem, tem Paranoid, War Pigs,  Electric Funeral e Iron Man, como poderia ficar de fora ? Apesar de particularmente preferir todas elas com Dio no vocal, este álbum merece destaque. 







Houses of the Holy (Led Zeppelin, 1973) - The Song Remains the Same, Over the Hills and Far Away e The Ocean são minhas preferidas, mas são todas boas composições. Como eu gostava de ouvir este disco quando tinha às tardes livres. 








Taken by Force (Scorpions, 1977) - Steamrock Fever, We'll Burn the Sky, The Riot of Your Time e The Sails of Charon colocam este álbum entre os melhores do Hard-Rock. Indicado para quem gosta de  belas melodias recheadas de muitos solos de guitarra.  







Heaven and Hell (Black Sabbath, 1980) -  Lembro-me que quando o adquiri este álbum eu corri para casa para ouví-lo. Neon Knights, Children of the Sea e a faixa título são os destaques de uma coletânea que dá prazer ouvir na voz potente de Dio. 







Devim and Leather (Saxon, 1981) - Último dos álbuns clássicos da banda. And the Bands Played On e Princess of the Night viraram hits famosos entre os fãs do Heavy Metal. Foram discos assim que fizeram e farão o Saxon sempre ser lembrado como um dos grupos originários do New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM). 







Rising (Rainbow, 1976) - A faixa que tornou este álbum absolutamente inesquecível é Stargazer, mas todo o álbum é uma delícia de ser ouvido. Cozy Powell na bateria, Ritchie Blackmore nos solos e Dio no vocal. 


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Senso-comum e opinião moral.

Senso-comum, por uma lado,  e o politicamente correto, por outro. Eles não são a mesma coisa, eu sei. Nos dias de hoje, porém,  o segundo pretende se tornar uma espécie de consciência social, dando forma as nossas ações e opiniões. Neste sentido, ele caminha para se tornar um senso-comum, isto é, uma opinião (pois é apenas uma opinião), que não é  questionada pelo senso crítico. Deseja torna-se uma dado intrínseco de nossas cultura e individualidades. Algo mais ou menos como foram os valores e princípios do catolicismo  durante boa parte de nossa história.

Por que escrevo sobre isso de novo ? Bem, recentemente tive duas discussões com colegas de trabalho. Sei que não se deve discutir opiniões ou valores pessoais em ambiente de trabalho, mas..., às favas. Isto também é um politicamente correto! Como não ser eu mesmo em um lugar onde passo  sete, oito ou nove horas por dia ? Posso negar eu mesmo durante um terço do dia, cinco vezes por semana, durante anos a fio ? Ah! bobagem!

Pois bem, o primeiro tema que suscitou o debate foi sobre violência contra a mulher. Discutíamos outro assunto e acabamos por entrar na questão da violência do homem contra a mulher em ambiente doméstico.
Sem negar que exista a violência do homem contra a mulher, disse-lhes que existe igualmente a violência da mulher contra o homem. Embora pouco retratada pela mídia, ela existe e não é insignificante. Pois bem, foi o mesmo que jogar água em fritura.
Comecei a ouvir aquele discurso conhecido de que a violência do homem contra a mulher, pessoa mais fraca fisicamente, era uma covardia (eu disse algo que negava este ponto de vista ?), e que atos violentos contra o sexo feminino eram muito comuns e que os homicídios cometidos contra  mulheres eram em grande quantidade, daí a necessidade da Lei Maria da Penha e da caracterização penal do feminicídio.

Quem já leu este blog deve se lembrar das estatísticas que retirei do Mapa da Violência sobre as  taxas de homicídios para homens e mulheres no Brasil. Elas apontavam para o dado de que, para cada mulher morta, onze homens tinham o mesmo destino no ano de 2012. Em todos os anos pesquisados (de 1980 à 2012) os homens nunca corresponderam a menos 90% dos homicídios. É só ir lá e ler de boa fé: http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2014/Mapa2014_JovensBrasil_Preliminar.pdf

No tocante a violência doméstica e familiar; continuo acreditando que, apesar de existir e ser real, ela não passa de um subtipo de violência, cuja etiqueta foi insuflada para legitimar um discurso que anseia  se tornar hegemônico: o de que a mulher é a única vítima de agressões e mortes sofridas em ambiente doméstico.

Mesmo aí, porém, já começa a surgir aqui no Brasil e em outros países, pesquisas e estudos que demostram que os homens também são vitimados em grande medida no ambiente familiar pelas suas companheiras. Vejamos o caso de Portugal, http://www.publico.pt/sociedade/noticia/155-das-vitimas-de-violencia-domestica-sao-homens-1613002, onde fica claro que, muito embora as mulheres sejam as  maiores vítimas de violência cometidas por companheiros ou maridos, os casos em que os homens são as vítimas são significativos e, provavelmente, subnotificados.
Há um vídeo que apresenta o tema da violência contra o homem por parte de mulheres no Brasil que achei interessante por ter sido para mim o primeiro contato com o tema  em moldes de pesquisa acadêmica. Vale a pena assistí-lo.



Minha segunda discussão com outra colega de trabalho foi sobre a questão, defendida por ela, e da qual discordei, de que comida saudável e exercícios físicos implicam em maior tempo de vida. Veja bem, ela disse que comida saudável implica em maior tempo de vida e não em maior expectativa de vida (duas coisas diferentes, portanto). Se a segunda carece de base científica para ser crível, a primeira, nem se fala, não é mesmo ?

Em torno desta questão aparentemente saudável, muita confusão, mal-entendidos, desonestidade e falta de foco estão imbricados. Senão vejamos, até onde sei, não há nenhuma prova, ou pelo menos fato bem fundamentado, que demonstre que pessoas que comem alimentos ditos saudáveis e pratiquem atividades físicas vivam mais. Há tentativas pseudo-científicas que tentam aplainar o caminho para um consenso em relação a este ponto, mas quando você vai mais fundo um pouco, observa que quem esta por trás da dita pesquisa ou estudo é sempre um grupo interessado economicamente em promover a idéia de estilos de vida saudáveis (e caros, sempre caros). É uma marca de tênis, de roupa esportiva, um laboratório que vende vitaminas e estimulantes, um conglomerado de academias, e por ai vai...
Não há, porém, prova que o tempo que você gasta em praticas esportivas ou o dinheiro que despende em alimentos naturais ou saudáveis irá prolongar sua vida. Nem mesmo há consenso se tais atitudes aumentam a expectativa de vida de alguém.


Pois este discurso enganador tornou-se senso-comum. Meu debate com a colega de trabalho foi esse. Ela defendia algo que carecia de fundamento, era puro achismo socialmente compartilhado. Beber suco de limão com beterraba, como ela me sugeriu, pode até ser melhor para o corpo do que tomar um milk-shake, mas, lamento, não garante nada mais que um pós-consumo imediato saudável. Ok, o hábito de tomar milkshake  todos os dias afetará minha saúde de maneira certa e irreversível. Terei a longo prazo uma vida menos saudável, mais cansaço e outros problemas de saúde. Entretanto, minha argumentação não foi essa. Eu não disse que comer trash ou fast-food não diminui a qualidade de vida a longo prazo. O que  eu disse  foi que comida "saudável" não garante que você irá viver mais do que alguém que não a consome.  Ao mesmo tempo, você viverá  mais saudável agora; no futuro, não sabemos.  
Há um misto de confusão entre aqueles que absorvem as mensagens e discursos da "vida saudável" e de desonestidade de outros que as vendem. Li um texto na internet, do qual gostei bastante por ser simples e ir direto ao ponto,  que coloca a questão assim:
Estou muito preocupada com um fenômeno social que não para de reunir adeptos e que causa impacto e muito sofrimento nas vidas humanas: o culto ao corpo. "Culto ao corpo" pode ser traduzido como uma fixação, preocupação e verdadeira obsessão com a "tríade" magreza, beleza e juventude.

Pode parecer chocante, mas nenhum dos elementos dessa tríade significam saúde. Mas estão disfarçados dentro do discurso de "Saúde & Bem Estar" na televisão, na internet, nos anúncios, nas revistas, nos produtos para emagrecimento e fitness e principalmente: nas palavras erroneamente motivadoras dos profissionais da nutrição e da educação física*.

Diante de um discurso amplamente compartilhado temos a tendência de aceitá-lo sem críticas. Todo enunciado hegemônico  se legitima desta forma. O apelo à "vida saudável" se encaixa perfeitamente neste modelo. Ele é um controle social, na medida em que prescreve de forma objetiva padrões de alimentação, exercícios e comportamentos fundados em estruturas valorativas que se escondem por trás de um apelo ao saudável.  Levantar dúvidas ou críticas em relação a ele parece insano ou ignorância. 

Mas vamos lá. Sigamos adiante. Buscamos realmente ser saudáveis ou tentamos nos sentir dentro do padrão de expectativas compartilhados ? Chamo, mais uma vez, em meu auxílio o texto citado: 

A verdade é que a razão para adotarmos um estilo de vida saudável tem sido, precisamente, a manutenção de uma boa aparência, a busca por um corpo dentro dos parâmetros que a sociedade determinou como "bonito". Atualmente uma fotografia vale mais do que um exame de sangue ou um teste de aptidão física**.

As pessoas desejam ser aceitas, olhadas e, por que não dizer ? Invejadas. É um narcisismo enraizado na necessidade de aceitação pelo outro. Ao mesmo tempo em que a busca por corpo e de comportamentos saudáveis torna as pessoas disciplinadas e dóceis ao padrão,  as despolitiza também, uma vez que o senso crítico desaparece, e elas passam aceitar algo que lhes é imposto de fora, sem discussão. Suas vidas são manipuladas e suas vontades autônomas negadas. 



Ser "saudável" virou obrigação, virou uma conduta moral. Ser gordo é um pecado contra si e contra a sociedade saudável. Pessoas gordas são discriminadas e mesmo tidas como de segunda-classe, não importando suas qualidades, contribuições ou valores. Ser gordo desqualifica alguém de imediato. 

Usamos a noção não discutida e pouco clara de saúde para classificar moralmente as pessoas: gordos são preguiçosos; ser magro é ser feliz. Este é um dos fascismo de nossos tempos.  Para minha colega de trabalho, minha divergência era tão descabida que ela achava inacreditável. Jamais passa pela cabeça de pessoas que defendem um senso-comum afiançado por um discurso politicamente correto (quem pode ser contra uma vida saudável, afinal ?) que ela deveria, para negar ou afirmar seu discurso, indagar-se sobre os valores que movem sua fala. 

Certa vez, eu caminhava com uma conhecida minha que era magra. Bem magra. Paramos em uma doceria no Setor Comercial Sul de Brasília.  Ela e eu comemos uma fatia de torta cada um. Depois ela prossegui calada por muito tempo, enquanto andávamos. Quando lhe perguntei o que havia ocorrido, ela respondeu que "não deveria ter comida a torta". Confessou que se sentia culpada. Fazia um julgamento moral de si  talvez por se imaginar  uma pessoa "melhor" (mais saudável) do que era. Eu olhei  ao nosso redor. Havia um gramado com bancos. Algumas quaresmeiras em volta projetavam sombras agradáveis. Pessoas sentadas sobre os bancos conversavam alheias ao vai-e-vem dos apressados pedestres. A temperatura era agradável. Eu imaginei que um belo fim de tarde se aproximava, e minha colega não estava em condições de desfrutá-lo. 


* http://www.brasilpost.com.br/nao-sou-exposicao/terrorismo-na-area-da-saude_b_5513172.html
** idem

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Invasões bárbaras

Não é novidade a ninguém que o cotidiano das pessoas nos centros urbanos têm como marca expressiva a alta probabilidade que situações violentas ocorram.

Elas ocorrem mesmo quando assistimos situações ações que nos parecem corriqueiras a princípio.
Um exemplo é o transporte público na maioria de nossas grandes cidades. Se pararmos para pensar um instante, veremos que é um insulto a dignidade e ao respeito as pessoas a forma como elas são transportadas de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Trens, ônibus e metrôs sujos, apinhados e morosos nos esperam todos os dias úteis para nos levar e trazer.
Volta e meia há um quebra-quebra por atraso ou falta de funcionamento dos meios públicos de transporte.

Há ainda as pessoas em situação de rua, uma violência clara a dignidade de quem está naquela situação e a quem tem alguma sensibilidade em relação ao outro.
Policias na maioria das vezes grosseiros e despreparados nos abordam.
Servidores públicos atendendo com clara má vontade.
O trânsito, então, não precisamos falar, né ? Ambiente onde impera a incivilidade. Local por excelência onde  psicopatas e tipos anti-sociais de todo tipo deixam vazar sem controle seus péssimos instintos.

Contudo, e os lugares que teoricamente deveriam passar longe de situações de estresse ou hostilidade ? Em algum lugar encontramos refúgio do clima de barbárie que tomou conta das cidades ?

Onde vou, percebo sempre uma boa quantidade de pessoas infelizes, antipáticas, exibicionistas e iracundas. Vou a um restaurante, lá estão os garçons que te atendem com um hostil "Boa tarde" pronunciado entre os dentes que mais parecem presas.
Vou a um hotel, os(as) atendentes nem buscam disfarçar a hostilidade pelos clientes, muito embora suas palavras sejam de boas-vindas. Seus olhares nos fuzilam.
Vou a piscina ou a uma praia e lá está alguém se exibindo ou escutando música (sempre de péssimo gosto) de maneira a incomodar a simples conversa dos outros.
No cinema, pessoas conversando na sala de exibição ou enviando mensagens com seus celulares (isto quando não o deixam tocar) enquanto o filme prossegue.
Na academia que faço por motivos de saúde ( e que se não fosse por isso nem passaria perto) a competição para ser o centro das atenções e intensa. Mulheres e homens disputam os olhares alheios e se medem o tempo inteiro. Os espelhos são intensamente utilizados.

A lógica da competição, exibicionismo e do alto desempenho invadiu todas as dimensões da vida social.  Ninguém está satisfeito consigo e com sua situação. A insegurança impera.   Todos querem o centro de todos os palcos da vida social.  Ninguém, porém, pode ter certeza que conseguirá ocupar pelo menos um deles. E se fizer, não há certeza que será por muito tempo. As pessoas têm hoje uma ânsia, um desespero de serem vistas, invejadas, amadas, idolatradas.
O narcisismo os leva a desejarem ser vistos como bons profissionais,  inteligentes, viajados, bons malandros , bon vivants, corpos perfeitos, excelentes nadadores, escritores, poliglotas, montanhistas, gourmets, entendido em artes, praticante de yoga, faixa preta de jiu-jitsu, e por aí segue.
Criou-se um clima de permanente hostilidade e competição.

Se parássemos para pensar um pouco, contudo, veríamos que somos, em nossa imensa maioria, pessoas medianas em tudo o que fazemos.
E se há pessoas com talento notável para alguma atividade, que são a minoria da minoria, elas só têm aquele dom  especial para uma única prática social.
Mozart era imensamente talentoso para música. E somente para música.
Rembrandt inovou a pintura, mas teve no mais uma vida igual ao de seus contemporâneos.
Einstein é lembrado, com justiça, pela suas contribuições sem igual na Física. E é por isso que é lembrado. E por nada mais.
Shakespeare escreveu textos que são referencia a todos que se interessam pela literatura ocidental. Na vida pessoal era um homem atormentado pela falta de dinheiro e pelos dramas de perdas familiares.
Balzac nos brindou com algumas das melhores páginas da literatura mundial. Vivia endividado, com problemas de saúde e falta de amor-próprio.
Verdi, segue  caminho próximo a um indivíduo comum fora do campo da ópera. Era uma pessoa de difícil convivência. Tratava mal músicos, atores e seu empresário.

Então, diante destas pessoas, nossas pretensões à excelência em diversos domínios da vida social não passam de atitudes patéticas de gente ignorante. Ignorantes de que, no passado, pessoas com muito menos do que nós em termos de informação, condições materiais e de longevidade, deram contribuições significativas para a humanidade. Isto porque pretenderam, no máximo, serem boas em uma única atividade social. Aquela de suas preferências.
Mozart nunca pretendeu ser o mais belo, ter corpo perfeito, ou lançar um teorema novo na matemática. Ele se concentrou sobre a música e isto lhe bastou.




sexta-feira, 29 de maio de 2015

Aproveitando um dia de sol na semana

Aproveitei um de meus dias livres durante a semana  (algo que não temos com freqüência, pois temos que trabalhar de segunda à sexta-feira) e fui com um de meus irmãos à cidade histórica de Pirenópolis , Goiás, para assistir o último dia das festividades das Cavalhadas.
Se alguém não sabe, as atividades que culminam com as apresentações de três dias  dos cavaleiros, em uma espaço livre ou cercado, começam muitos dias antes e envolvem outros eventos.  As cavalhadas são uma parte das  festividades da Festa do Divino que começam quarenta dias após a Páscoa e envolvem procissões, missas, reuniões e música.
Além das cavalhadas de Pirenópolis, conheço também a de São Luiz do Paraitinga em São Paulo, cidade pela qual  fiquei encantado com a hospitalidade do povo quando estive em visita a cidade.

Bom, no caso de Pirenópolis, estava um sol de lascar. Acredito que não estava menos de 35 graus celsius. Protetor solar e muita água se fizeram necessários. Entretanto, foi ótimo ver como o povo de lá vibra com suas tradições. Sim, porque quase não vi turistas durante  a apresentação. As cavalhadas ainda são uma festa mantida e vivida na totalidade pelos habitantes da cidade. Por quanto tempo será assim, não sei dizer. Sabemos que o turismo, mesmo com os benefícios que traz para a economia de uma cidade, traz também a perda das raízes das tradições de um local. Felizmente, a Festa do Divino em Pirenópolis, mantém-se popular no melhor sentido do termo.
Eu mesmo, não sendo da cidade, e nem sendo religioso, fiquei emocionado quando vi os cavaleiros cristãos e mouros entrarem na arena. Os espectadores vibraram tanto que parecia o momento do gol de uma grande equipe de futebol durante um clássico (desculpem a comparação um tanto sem jeito, mas não me vem outra à cabeça). Valeu a pena estar lá só para ver e sentir este momento.

















quarta-feira, 27 de maio de 2015

Lugares que visito com prazer

Há muitos locais aos quais dedico especial atenção e carinho. Seja porque me tragam ótimas recordações, seja por conta de serem lugares agradáveis, com ótima programação ou oferecerem espaço para você ficar, só ou bem acompanhado, perdido em longas conversas ou em reflexões.
Vou citar alguns nas três cidades que melhor conheço no Brasil. De forma alguma a lista é exaustiva. Muito pelo contrário: é enxuta. Poderia citar outros pontos aprazíveis nestas mesmas cidades ou em outras, mas acho que faria uma lista longa e pretensiosa demais. Afinal, é apenas uma pequena enumeração de caráter subjetivo.


Teatro Municipal do Rio de Janeiro:

Eis um lugar que realmente me agrada muito de ir. Ainda mais que fica no centro do Rio. Pena que a cidade já está, há muito tempo, em avançado estágio de decomposição de sua sociabilidade.
De qualquer forma, o Teatro me traz de imediato a mente as matinês que costuma ir sozinho ou com minha mãe, em sua maioria aos sábados. 
Sem dúvida os espetáculos à noite eram, e são, até hoje,  mais glamurosos e ricos. Entretanto, as tardes no Municipal com as apresentações da sinfônica do próprio Teatro ou orquestras convidadas sempre eram, e são, até hoje,  agradáveis experiências musicais e de passeio pelo centro da cidade (muito embora não seja, infelizmente,  seguro caminhar pelo centro) . Uma pena que sempre faltou nas cercanias um café ou restaurante para prolongar aquelas tardes após a apresentação das orquestras. 


                                       Fonte: booking.com.br

Centro Cultural da Caixa de Brasília:

O Centro Cultural da Caixa Econômica Federal de Brasília ou Caixa Cultural de Brasília (acho o nome oficial é este último) é o lugar para onde vou quando desejo ver exposições de fotos. Quase toda semana há novidades neste sentido. Fora isso, tem um excelente teatro com peças e apresentações de boa qualidade. E o melhor de tudo, quase sempre está vazio! Há um café que funciona como restaurante no horário de almoço, e logo após fica vazio. Além disso, a parte de trás do edifício dá vista para uma pequena área verde em pleno centro de Brasília.


                  Fonte: http://www.desfrutecultural.com.br/caixa-cultural-brasilia-apresenta-semana-pensamento-criativo/


Teatro Municipal de São Paulo:

Este local é um dos meus preferidos entre os preferidos. Quando morava em São Paulo em meus primeiros anos, costumava ir assistir aos espetáculos que eram oferecidos a preços populares aos domingos pela manhã. Dali seguia após o espetáculo para o Bexiga ou para o Largo do Arouche para almoçar.
Os paulistanos nunca deram muita bola para estas apresentações de domingo pela manhã no Municipal. O que é uma grande pena pois os concertos sinfônicos ou apresentações do Coral do teatro ou da OSESP que lá ocorriam, e ainda ocorrem, são de excelente qualidade. 
O bom, em termos individuais, é que tinha o teatro só para mim e para  alguns poucos que se dispunham a ir até lá. 
Nos meus últimos anos de Sampa eu já nem ia tanto. Uma ou duas vezes a cada dois meses. Agora, quando não moro mais na cidade, passei a ir sempre ao Municipal aos domingos quando para São Paulo viajo.  Nestas oportunidades sempre fico com a renovada impressão de que vivo um grande momento.

                                       Fonte: divulgação CVC


O Gato que Ri: 

Bom, depois de passear por algum tempo entre teatros e centros culturais, chega o momento de nos rendermos aos prazeres da mesa. 
Aqui vou citar apenas um dos restaurantes ou cafés que costumo ir nas três cidades. Há outros restaurantes que costumo ir no qual a comida e o atendimento são ótimos ou bons. Poderia citar  a Cantina Roperto, no Bexiga, cujo atendimento é ímpar e a comida,... nem preciso dizer.
Ou ainda a Casa Urich, tradicionalíssimo restaurante e bar no centro do Rio que possui excelentes pratos, atendimento eficiente (muito embora não necessariamente caloroso) e preços razoáveis.
Minha escolha, porém, vai para aquele aquele no qual mais oportunidades tive de usufruir horas tranquilas e atendimento que te faz parecer sempre uma antigo e caro cliente.  Escolho o restaurante O Gato que Ri, no Largo do Arouche, São Paulo. Sempre o encontro de portas abertas, com garçons amigáveis e nunca tão cheio que te faça dar meia-volta da entrada e desistir. 


Fonte: http://sao-paulo.restorando.com.br/restaurante/o-gato-que-ri


                                  Fonte: http://pt.event1001.com/restaurantes-bares/brazil/sao-paulo/gato-que-ri/28768/#