Poucos dias após escrever aqui texto sobre nossa propensão em realizar comportamentos violentos e/ou de burla a regras, e de aceitá-los como normais, aconteceu o evento na Linha Amarela. No episódio um caminhão, com a caçamba erguida, derrubou uma passarela causando, até o momento, cinco mortes e igual número de feridos (http://oglobo.globo.com/rio/cacambas-nao-levantam-sozinhas-diz-especialista-11433935).
Não vou me demorar no que já escrevi antes.
Somente desejo, com este infeliz acontecimento, observar como, mais uma vez, estão presentes os comportamentos que diariamente fazem dezenas de vítimas pelo nosso país afora.
Segundo depoimentos de pessoas que trafegam por aquela pista é comum caminhões passarem pela Linha Amarela em horários que lhe são vedados. Comum também é que muitos o fazem com as caçambas erguidas para esconderem a placa, de forma a evitar multas.
Bem, sem querer aliviar a responsabilidade dos órgãos municipais do Rio de Janeiro que devem exercer
a fiscalização da auto-pista, eu pergunto: se tal procedimento é comum, muito embora irregular, por que nada foi feito até o momento em que a tragédia aconteceu ? Agora a imprensa se compraz em realizar "denúncias" sobre caminhões que circulam pela pista em horários a eles proibidos. Há também os comentários de sempre, colocando a culpa exclusivamente em cima dos órgãos públicos municipais, a polícia, a empresa responsável pela via, etc. Onde está, porém, a responsabilidade de cada um de nós ? Se é comum a infração, por que aqueles que por lá circulam não tomaram alguma providência ? Hoje, com os recursos de telefone celular, redes sociais e sei lá mais o que, fazer uma imagem ou vídeo e colocar na internet é coisa quase que banal.
E os motoristas dos caminhões ? Não conhecem as regras ? Não sabem quando estão realizando ato infracional e perigoso (sim, mesmo que não fosse infração a uma regra escrita, o ato em si de levantar a caçamba de um caminhão em alta velocidade não sugere grave possibilidade de perigo ou dano ?).
Cada um cuida de seus interesses e o bem coletivo fica ao Deus dará. Ou melhor, cada um imagina que cuidar do interesse coletivo é obrigação do Estado e das autoridades e de ninguém mais. Daí, o festival de irregularidades que assistimos quotidianamente sob os olhares tolerantes de quase todos.
As concessões não acabam, infelizmente, por aí. Segundo reportagens, o caminhoneiro responsável pelo ocorrido responderá, provavelmente, por homicídio culposo. Então, deixe-me ver se entendi: agora ele irá responder o processo em liberdade, partindo do pressuposto que ele não foi capaz de prever a possibilidade do resultado de dirigir em alta velocidade com a caçamba erguida.
Se não for provado, no sentindo mais estrito do termo que possamos imaginar, que ele era apto para prever os riscos de sua forma de dirigir, ele nunca irá pagar por seu crime (sim, porque crime é a única palavra que define tamanha irresponsabilidade). Cá entre nós, o Estado não lhe concedeu uma Carteira Nacional de Habilitação, dando conta de que ele é capaz ? Como assim ele não conseguiu prever a possibilidade ?
É gritante a diferença que há entre os números de pessoas que morrem todos os anos no Brasil por conta do trânsito e o número de pessoas que estão em nossas prisões devido ao envolvimento com os ditos "acidentes". Mais um dado de nossa tolerância com a violência e com os comportamentos irresponsáveis.
Não vou me demorar no que já escrevi antes.
Somente desejo, com este infeliz acontecimento, observar como, mais uma vez, estão presentes os comportamentos que diariamente fazem dezenas de vítimas pelo nosso país afora.
Segundo depoimentos de pessoas que trafegam por aquela pista é comum caminhões passarem pela Linha Amarela em horários que lhe são vedados. Comum também é que muitos o fazem com as caçambas erguidas para esconderem a placa, de forma a evitar multas.
Bem, sem querer aliviar a responsabilidade dos órgãos municipais do Rio de Janeiro que devem exercer
a fiscalização da auto-pista, eu pergunto: se tal procedimento é comum, muito embora irregular, por que nada foi feito até o momento em que a tragédia aconteceu ? Agora a imprensa se compraz em realizar "denúncias" sobre caminhões que circulam pela pista em horários a eles proibidos. Há também os comentários de sempre, colocando a culpa exclusivamente em cima dos órgãos públicos municipais, a polícia, a empresa responsável pela via, etc. Onde está, porém, a responsabilidade de cada um de nós ? Se é comum a infração, por que aqueles que por lá circulam não tomaram alguma providência ? Hoje, com os recursos de telefone celular, redes sociais e sei lá mais o que, fazer uma imagem ou vídeo e colocar na internet é coisa quase que banal.
E os motoristas dos caminhões ? Não conhecem as regras ? Não sabem quando estão realizando ato infracional e perigoso (sim, mesmo que não fosse infração a uma regra escrita, o ato em si de levantar a caçamba de um caminhão em alta velocidade não sugere grave possibilidade de perigo ou dano ?).
Cada um cuida de seus interesses e o bem coletivo fica ao Deus dará. Ou melhor, cada um imagina que cuidar do interesse coletivo é obrigação do Estado e das autoridades e de ninguém mais. Daí, o festival de irregularidades que assistimos quotidianamente sob os olhares tolerantes de quase todos.
As concessões não acabam, infelizmente, por aí. Segundo reportagens, o caminhoneiro responsável pelo ocorrido responderá, provavelmente, por homicídio culposo. Então, deixe-me ver se entendi: agora ele irá responder o processo em liberdade, partindo do pressuposto que ele não foi capaz de prever a possibilidade do resultado de dirigir em alta velocidade com a caçamba erguida.
Se não for provado, no sentindo mais estrito do termo que possamos imaginar, que ele era apto para prever os riscos de sua forma de dirigir, ele nunca irá pagar por seu crime (sim, porque crime é a única palavra que define tamanha irresponsabilidade). Cá entre nós, o Estado não lhe concedeu uma Carteira Nacional de Habilitação, dando conta de que ele é capaz ? Como assim ele não conseguiu prever a possibilidade ?
É gritante a diferença que há entre os números de pessoas que morrem todos os anos no Brasil por conta do trânsito e o número de pessoas que estão em nossas prisões devido ao envolvimento com os ditos "acidentes". Mais um dado de nossa tolerância com a violência e com os comportamentos irresponsáveis.